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"Cargo é campo minado", diz Vieira de Mello
DA REDAÇÃO
"O cargo é um verdadeiro campo minado. Mas minha vida tem
sido uma sucessão de campos minados. E de verdade", disse ontem
Sérgio Vieira de Mello.
O "campo minado" por que
passou sua antecessora, a ex-presidente da Irlanda (1990-97),
Mary Robinson, acabou por inviabilizar a continuidade de seu
mandato. Ele sofria oposição dos
EUA, da Rússia, do Reino Unido e
da China. Aos olhos desses países,
um funcionário de carreira, como
Sérgio Vieira de Mello, seria menos "incômodo" que a independente Robinson. É bom lembrar
que os quatro países têm poder de
veto no Conselho de Segurança da
ONU (além da França).
Washington se ressentia das críticas dela em relação ao tratamento que os americanos deram aos
prisioneiros capturados no Afeganistão e em relação a sua participação na Conferência da ONU
contra o Racismo, em Durban
(África do Sul), no ano passado,
quando ela assumiu posições divergentes das defendidas pelos representantes dos EUA.
A Rússia e a China também se
mostravam favoráveis à saída de
Robinson, devido às suas críticas
aos abusos dos direitos humanos
ocorridos nos dois países.
Em março, ela anunciou publicamente que pretendia deixar o
cargo em setembro, apesar de ter
mais três anos de mandato. Muitas das principais ONGs de defesa
dos direitos humanos pediram
por sua permanência.
Em conversas particulares, Robinson demonstrou querer ficar.
Ela poderia contar com o apoio de
países árabes e em desenvolvimento. Na Europa Ocidental, o
único real empecilho seria o Reino Unido, com seu alinhamento
quase automático com os EUA.
Uma oposição ao nome do brasileiro Sérgio Vieira de Mello chegou a ser articulada pelos países
asiáticos, que reclamam que a entidade ainda não foi dirigido por
um representante do continente
-os dois comissários até agora
vieram do Equador e da Irlanda.
Estavam na disputa, entre outros, a ex-presidente das Filipinas
Corazón Aquino e o ex-ministro
das Relações Exteriores da Tailândia Surin Pitsuwan.
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