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ÁLCOOL
Concorrência de outros países e bebidas e boicote nos EUA derrubam exportação e vendas internas; governo quer que francês beba mais e é criticado por estimular alcoolismo
França muda regras para ajudar vinícolas em crise
DA REDAÇÃO
A França lançou um plano para
ajudar sua deficitária indústria vinícola a reconquistar o destaque
nos mercados internacionais, onde vem perdendo terreno para
produtores de países com produção mais recente.
Pressionado pelos vinicultores,
o governo prometeu duplicar as
verbas de promoção do vinho
francês no exterior, permitir que
exportadores de menor qualidade
comercializem seus produtos de
acordo com a variedade da uva
(não mais pela região de proveniência) e liberar o emprego de
novas formas de tecnologia vinícola. "As medidas esclarecerão e
simplificarão a forma pela qual os
vinhos franceses são comercializados nos mercados internacionais", disse anteontem o ministro
da Agricultura, Hervé Gaymard,
após reunião com representantes
do setor.
Gaymard disse que permitir que
vinhos de mesa hoje comercializados como "vins de pays" ou
"vins de table" sejam "comercializados pela variedade da uva ou
sob uma marca responderia às
demandas de consumidores nos
mercados internacionais, onde a
concorrência é mais acirrada".
Os vinhos de melhor qualidade
devem continuar usando o sistema de rotulação AOC (Appelation D'Origine Contrôlée), uma
garantia de que o vinho provém
de uma localidade geográfica específica. "É a pedra fundamental
de uma nova estrutura para o vinho francês", disse Gaymard.
Ele anunciou também que certas técnicas usadas na produção
de vinho em outros países mas
proibidas na França -como o
uso de raspas de madeira para
acrescentar sabor- seriam agora
admitidas.
O setor vinícola francês, pilar da
vida nacional e fonte de 75 mil
empregos, foi fortemente prejudicado pela concorrência de rivais
do "Novo Mundo", como a Austrália, o Chile e a África do Sul,
bem como pela conscientização
do público doméstico quanto à
saúde. As exportações francesas
de vinho caíram 3,4% no ano passado, prejudicadas por fatores como a disputa francesa com os
EUA em função da Guerra no Iraque (que gerou uma campanha
de boicote à França naquele país)
e a alta do euro diante do dólar, o
que encareceu os produtos franceses no exterior.
Em uma mudança de cultura
mais ampla, o vinho deixou de ser
a escolha automática de bebida
para muitos franceses. Os produtores estimam o consumo do país
em 58 litros anuais por pessoa em
2002, ante 100 litros no começo
dos anos 1960.
E a situação pode se agravar. O
Ministério da Agricultura estima
que a safra deste ano será 19%
maior que a do ano passado e superará em 2% a média dos últimos cinco anos.
Os senadores franceses apoiaram o relaxamento das medidas,
como parte de uma campanha de
estímulo ao consumo. Se aprovada na Câmara, a proposta pode
abrir caminho a mais publicidade, com o objetivo de convencer
os franceses a acabar com a crise
do setor bebendo.
Mas os grupos de combate ao
alcoolismo dizem que as doenças
relacionadas à bebida aumentarão se o governo relaxar as restrições à publicidade, que limita as
vinícolas a oferecer informações
factuais, em lugar de associar seus
produtos a pessoas ou situações.
Com agências internacionais
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