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Partido islâmico vence eleição parlamentar turca
Legenda do premiê Recep Erdogan obtém 46%, votação superior à de 2002
Agremiação governista perde porém cadeiras na Casa devido a união da oposição; curdos também ganham representação
Ismail Sahin/Associated Press
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O premiê Erdogan vê sua mulher, Emine, votar em Istambul |
DA REDAÇÃO
O Partido da Justiça e Desenvolvimento (AK) obteve uma
convincente vitória nas eleições de ontem na Turquia, dando ao governo a chance de continuar com seu programa de reformas econômicas pró-mercado, mas também preparando
o terreno para novas tensões
com a elite secular.
O resultado é um triunfo moral para o premiê Recep Tayyip
Erdogan, que teve de convocar
eleições antecipadas depois de
uma queda-de-braço com os
militares e o establishment em
geral que não queriam que ele
indicasse um aliado islâmico
para ocupar a Presidência.
Com quase todos os votos
contados, o AK obteve 46%
(bem mais do que os 34% de
2002), mas deverá ficar com
menos cadeiras, porque dois
partidos de oposição, ambos seculares, conseguiram os mais
de 10% necessários para transpor a cláusula de barreira, fazendo jus a outros assentos.
São o Partido Republicano do
Povo (centro-esquerda), que ficou com 21%, e o Partido do
Movimento Nacionalista (direita), que obteve 14%.
Vários representantes da minoria curda, que concorreram
como independentes, conseguiram cadeiras também. É a
primeira vez desde 1990 que
curdos terão representação.
"A democracia triunfou num
teste muito importante", disse
Erdogan a partidários num comício para celebrar a vitória em
Ancara. "Não importa em
quem você tenha votado, respeitamos sua escolha. Vemos as
diferenças como parte de nossa
democracia plural", acrescentou o premiê.
Erdogan também afirmou
que vai continuar com as reformas econômicas e com os esforços para a entrada da Turquia na União Européia.
Teocracia
Os eleitores aparentemente
não se deixaram influenciar pela campanha da oposição que
acusava o AK de planejar secretamente a introdução de uma
teocracia nos moldes da iraniana. "A controvérsia que testemunhamos entre islã e secularismo não se materializou",
disse Sami Kohen, colunista do
jornal "Milliyet".
Economistas celebram a vitória do AK. "Este é o melhor
cenário possível para os mercados (...) A questão agora é como
o establishment vai reagir e isso
é algo que pode preocupar",
disse Simon Quijano-Evans.
O Exército turco vê a si mesmo como garantidor final do
Estado laico e derrubou quatro
governos nos últimos 50 anos.
"Não acho que estejam satisfeitos [os generais], mas não vão
mandar tanques. Vão procurar
influir por outros meios", disse
o jornalista Semih Idiz.
O próximo governo de Erdogan terá vários desafios. Deve,
em primeiro lugar, encontrar
um candidato à Presidência
que contente ao seu partido e
seja palatável para os militares.
Precisa também dar continuidade ao programa de reformas
liberais, em especial na área fiscal. Estima-se que 50% da economia esteja na informalidade.
Com agências internacionais
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