São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2008

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Parlamento aprova voto de confiança no premiê indiano

Resultado permite a Manmohan Singh dar continuidade ao acordo de cooperação nuclear com os EUA, assinado em 2005

Sessão extraordinária havia sido convocada após saída de comunistas do governo e foi marcada por acusações de suborno de deputados

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, obteve ontem o voto de confiança da Câmara baixa do Parlamento para continuar à frente do governo até maio de 2009, quando serão realizadas as próximas eleições legislativas. A vitória garante a continuidade dos planos para a ratificação do acordo de cooperação nuclear com os EUA, assinado em 2005.
Foram 275 votos a favor da moção de confiança, 256 contra e dez abstenções. Eram necessários 271 votos para a aprovação. Uma derrota ontem obrigaria Singh, desde 2004 no cargo, a antecipar as eleições para o segundo semestre deste ano.
A sessão extraordinária, que teve início na segunda-feira, foi convocada após a coalizão governista, liderada pelo Partido do Congresso, de Singh, perder a maioria no Parlamento no início do mês. Quatro partidos comunistas deixaram a base de apoio do governo em protesto ao acordo com os EUA.
Parlamentares oposicionistas, liderados pelo nacionalista BJP (Partido Bharatiya Janata), acusaram governistas de recorrer ao vale-tudo para atrair a maioria necessária. No momento mais tenso, deputados atiraram notas de dinheiro para o alto em referência a supostas tentativas de suborno por parte do governo.

Cooperação nuclear
O acordo de cooperação nuclear civil, que ainda precisa ser aprovado nos respectivos Legislativos, dará à Índia acesso a combustíveis e tecnologias nucleares comercializados no mercado internacional.
Em troca, o país, que possui a bomba atômica e não é signatário do TNP (Tratado de Não-Proliferação Nuclear), permitirá inspeções da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), braço da ONU para o tema, nas suas instalações civis.
A Índia tem feito gestões para obter a aprovação da AIEA e do NSG (grupo de fornecedores nucleares, na sigla em inglês) ao acordo, uma iniciativa do governo republicano de George W. Bush. O aval de ambos é crucial para a sua aprovação no Congresso americano, de maioria democrata, antes das eleições presidenciais.
Singh diz que a cooperação nuclear é fundamental para o futuro da Índia, país de 1,1 bilhão de habitantes que vê aumentarem as incertezas quanto à capacidade de manter o fornecimento de energia para um crescimento de quase 9%.
Os comunistas e o BJP, embora rivais, dizem que o acordo, tal qual formalizado, fere a soberania indiana e autoriza uma inaceitável ingerência externa, sobretudo americana, comprometendo o seu programa nuclear militar.

Rivalidade regional
A aproximação entre Nova Déli e Washington estremece a frágil estabilidade geopolítica no sul da Ásia. A Índia e o Paquistão, potências nucleares historicamente rivais, são aliados dos EUA e disputam a condição de parceiro estratégico americano na região.
O acordo nuclear prestigia a Índia e relega a um segundo plano o Paquistão, também detentor da bomba atômica e parceiro americano na guerra ao terrorismo no Afeganistão. A porta-voz da Casa Branca, Dana Perino, disse que "a idéia de um acordo nuclear entre EUA e Índia é bom para todo mundo".


Com agências internacionais


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