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CRISE
Pré-candidatos rejeitam primárias
Fórmula eleitoral gera disputa na Argentina
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
Os desentendimentos entre políticos argentinos sobre a fórmula
de disputa da próxima eleição
cresceram tanto nos últimos dias
que surgiram rumores que o presidente Eduardo Duhalde renunciaria caso não conseguisse impor
sua proposta.
A ameaça de renúncia, divulgada pelo jornal "Clarín", foi negada
na manhã de ontem pelo chefe de
gabinete, Alfredo Atanasof. Duhalde, no entanto, não tem escondido o descontentamento com as
divisões internas de seu partido, o
Justicialista (peronista), sobre a
melhor fórmula de disputa.
O presidente estabeleceu que
antes da eleição presidencial,
marcada para março, haveria, em
novembro, uma eleição prévia
para a escolha dos candidatos de
cada partido. Ao contrário do que
acontece no Brasil, todos os eleitores terão direito a participar das
prévias, não apenas os membros
do partido. A fórmula gerou insatisfação entre dirigentes peronistas e da UCR (União Cívica Radical) -os dois maiores partidos
argentinos- porque não impede
que os filiados de um partido votem nas prévias de outro, o que
poderia distorcer os resultados.
O pré-candidato e ex-presidente (1989-99) Carlos Menem tornou-se o maior crítico da fórmula
proposta pelo governo. Para ele, o
projeto é "enganoso" porque as
distorções aumentariam as chances de um de seus concorrentes
nas prévias, o governador peronista José Manuel de la Sota (Córdoba), que tem o apoio de Duhalde mas está mal nas pesquisas.
Para forçar Duhalde a mudar a
fórmula da eleição, Menem entrou com uma ação na Justiça
eleitoral. No entanto, Duhalde ignorou as pressões porque sabe
que uma demorada batalha judicial poderia adiar a eleição, o que
manteria ele mesmo no cargo por
mais tempo.
Além disso, o presidente sabe
que Menem tem pressa de se eleger porque enfrenta pelo menos
seis processos judiciais que seriam engavetados em caso de vitória na eleição. O processo que
mais avança é analisado pelo juiz
federal Norberto Oyarbide, que
investiga as contas de Menem na
Suíça e o intimou a depor no dia
23 de setembro por acusações de
enriquecimento ilícito.
Além disso, Menem também
deverá prestar depoimento como
acusado na próxima quarta-feira
ao juiz federal Julio Speroni, que
investiga denúncia de contrabando de armas para Equador e
Croácia entre 1991 e 1995.
Oposição
Além das disputas dentro do peronismo, Duhalde também enfrenta críticas da oposição, que pressiona por eleições gerais e não apenas para a Presidência e
parte do Senado.
Os dois principais pré-candidatos de oposição -Elisa Carrió e Luis Zamora- decidiram nesta semana suspender as campanhas eleitorais como forma de pressionar o presidente.
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