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IRAQUE OCUPADO
Americanos investigam possível vazamento de informação sobre localização do escritório e agenda de Vieira de Mello
EUA suspeitam de iraquianos da ONU
DA REDAÇÃO
Investigadores americanos suspeitam que o planejamento do
atentado que devastou a sede da
ONU em Bagdá, matando o representante especial da entidade
no país, o brasileiro Sérgio Vieira
de Mello, tenha contado com a
participação de iraquianos que
trabalhavam no prédio, de acordo
com o americano Bernard Kerik,
que está no Iraque para restabelecer a força policial do país.
Os investigadores estão interrogando guardas iraquianos, muitos dos quais foram colocados à
disposição da ONU pelas forças
de segurança do ex-ditador Saddam Hussein, segundo Kerik, ex-chefe da polícia de Nova York.
Para ele, o local e o horário do
atentado são suspeitos. O caminhão-bomba foi colocado o mais
perto possível do escritório do diplomata brasileiro, e a explosão
ocorreu num momento em que
ele estava reunido com um grupo
de americanos, segundo o diário
"The New York Times".
"Será que os guardas tinham
acesso às informações? Será que
as pessoas que trabalhavam no
prédio tinham acesso às informações por alguma razão? Como os
horários eram determinados?
Quem tinha conhecimento deles?
Tudo isso faz parte da investigação, mas ainda não há nenhuma
acusação", disse Kerik à agência
Associated Press.
Três guarda-costas franceses de
Vieira de Mello disseram ao diário "Le Monde" que o "ângulo do
ataque indicava que ele era o alvo" da ação terrorista.
Segundo o jornal "The New
York Times", as primeiras suspeitas surgiram quando dois guardas
iraquianos -que estavam sendo
interrogados- disseram que tinham "imunidade diplomática" e
que se recusavam a cooperar com
a investigação. Diplomatas que
trabalham em países estrangeiros
desfrutam, com frequência, de
imunidade diplomática e não podem ser atacados pela Justiça local, mas os dois guardas não se
enquadram nessa definição.
Kerik afirmou que a ONU era
responsável pela segurança do
prédio e que não sabia se a organização costumava conferir dados
sobre o passado das pessoas que
empregava. Mas um funcionário
da administração americana (que
não quis ser identificado) disse ao
jornal nova-iorquino que, há algum tempo, a ONU tinha sido
alertada sobre a presença de funcionários do regime do ex-ditador
iraquiano entre seus empregados.
Segundo a mesma fonte, a ONU
recusou uma pedido americano
para reforçar a segurança de sua
sede em Bagdá. A entidade buscava ficar mais perto da população
iraquiana. Com isso, evitava adotar medidas de segurança muito
severas. A explosão matou ao menos 23 pessoas.
Em Nova York, Fred Eckhard,
porta-voz do secretário-geral da
ONU, Kofi Annan, minimizou as
suspeitas americanas. "Na verdade, o secretário-geral mandará
seu coordenador de segurança a
Bagdá, hoje à noite [ontem à noite], para investigar o ocorrido.
Mas essa tarefa será mais difícil
por conta das teorias conspiratórias que circulam atualmente. Teremos de fazer o máximo para separar a verdade das especulações", disse Eckhard.
George W. Bush disse que "elementos estrangeiros" estão entrando no Iraque com a intenção
de cometer ações terroristas.
Com agências internacionais
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