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São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Americanos investigam possível vazamento de informação sobre localização do escritório e agenda de Vieira de Mello

EUA suspeitam de iraquianos da ONU

DA REDAÇÃO

Investigadores americanos suspeitam que o planejamento do atentado que devastou a sede da ONU em Bagdá, matando o representante especial da entidade no país, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, tenha contado com a participação de iraquianos que trabalhavam no prédio, de acordo com o americano Bernard Kerik, que está no Iraque para restabelecer a força policial do país.
Os investigadores estão interrogando guardas iraquianos, muitos dos quais foram colocados à disposição da ONU pelas forças de segurança do ex-ditador Saddam Hussein, segundo Kerik, ex-chefe da polícia de Nova York.
Para ele, o local e o horário do atentado são suspeitos. O caminhão-bomba foi colocado o mais perto possível do escritório do diplomata brasileiro, e a explosão ocorreu num momento em que ele estava reunido com um grupo de americanos, segundo o diário "The New York Times".
"Será que os guardas tinham acesso às informações? Será que as pessoas que trabalhavam no prédio tinham acesso às informações por alguma razão? Como os horários eram determinados? Quem tinha conhecimento deles? Tudo isso faz parte da investigação, mas ainda não há nenhuma acusação", disse Kerik à agência Associated Press.
Três guarda-costas franceses de Vieira de Mello disseram ao diário "Le Monde" que o "ângulo do ataque indicava que ele era o alvo" da ação terrorista.
Segundo o jornal "The New York Times", as primeiras suspeitas surgiram quando dois guardas iraquianos -que estavam sendo interrogados- disseram que tinham "imunidade diplomática" e que se recusavam a cooperar com a investigação. Diplomatas que trabalham em países estrangeiros desfrutam, com frequência, de imunidade diplomática e não podem ser atacados pela Justiça local, mas os dois guardas não se enquadram nessa definição.
Kerik afirmou que a ONU era responsável pela segurança do prédio e que não sabia se a organização costumava conferir dados sobre o passado das pessoas que empregava. Mas um funcionário da administração americana (que não quis ser identificado) disse ao jornal nova-iorquino que, há algum tempo, a ONU tinha sido alertada sobre a presença de funcionários do regime do ex-ditador iraquiano entre seus empregados.
Segundo a mesma fonte, a ONU recusou uma pedido americano para reforçar a segurança de sua sede em Bagdá. A entidade buscava ficar mais perto da população iraquiana. Com isso, evitava adotar medidas de segurança muito severas. A explosão matou ao menos 23 pessoas.
Em Nova York, Fred Eckhard, porta-voz do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, minimizou as suspeitas americanas. "Na verdade, o secretário-geral mandará seu coordenador de segurança a Bagdá, hoje à noite [ontem à noite], para investigar o ocorrido. Mas essa tarefa será mais difícil por conta das teorias conspiratórias que circulam atualmente. Teremos de fazer o máximo para separar a verdade das especulações", disse Eckhard.
George W. Bush disse que "elementos estrangeiros" estão entrando no Iraque com a intenção de cometer ações terroristas.


Com agências internacionais


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