São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2003 |
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ORIENTE MÉDIO Supostos terroristas palestinos são mortos dentro de hospital; Bush anuncia congelamento de bens do Hamas Israel mata três e promete retaliar mais
DA REDAÇÃO Três supostos terroristas palestinos foram mortos ontem por soldados israelenses dentro de um hospital em Nablus, na Cisjordânia, ampliando a espiral de violência dos últimos dias, que já havia levado os principais grupos terroristas a suspender uma trégua anunciada em junho. Israel ameaçou realizar mais ataques contra os grupos palestinos. "Esse é apenas o começo", disse uma fonte dos serviços de segurança israelense. "Nós planejamos sérias retaliações contra a infra-estrutura terrorista", disse. A escalada de violência é mais um revés para a implementação do plano de paz para a região patrocinado pelos EUA, que prevê um Estado palestino independente até 2005. O plano exige o fim dos ataques terroristas e, por outro lado, o fim das ações militares de Israel contra palestinos. As mortes dos palestinos ontem na Cisjordânia ocorreram enquanto milhares de palestinos pediam vingança contra Israel no funeral de Ismail Abu Chanab, co-fundador do grupo terrorista Hamas, morto pelo Exército israelense anteontem em Gaza. A morte de Chanab, considerado um membro moderado do Hamas, mas acusado por Israel de planejar atentados, foi uma resposta ao atentado contra um ônibus em Jerusalém que deixou ao menos 20 mortos, na terça-feira. O atentado, reivindicado pelo Hamas e pelo Jihad Islâmico, já havia sido uma resposta desses grupos à morte de um militante palestino em Nablus, na semana passada. O Hamas e o Jihad Islâmico divulgaram ontem um comunicado conjunto no qual oficializam o fim da trégua, acusando o premiê de Israel, Ariel Sharon, pela decisão. "Anunciamos nossa iniciativa conjuntamente no dia 29 de junho e anunciamos conjuntamente que Sharon pôs fim ao cessar-fogo", disse o comunicado. Controle O presidente George W. Bush afirmou que os palestinos devem desmantelar os grupos extremistas se querem ter um Estado independente, como prevê o plano de paz. "Se se quer paz no Oriente Médio, e se os palestinos querem ter seu próprio Estado, devem desmantelar as redes terroristas." Mais cedo, o porta-voz da Casa Branca Scott McClellan havia sugerido que a reação de Israel deveria ser mais contida. "Sempre dissemos que Israel tem o direito de se defender, mas também sempre apontamos que as partes, incluindo Israel, devem ter em mente as consequências das ações que eles tomam para o processo de paz." Bush também anunciou ontem o congelamento de ativos nos EUA de seis líderes do Hamas e de cinco grupos europeus acusados de apoiar a organização. Cerco Os palestinos mortos ontem pelos soldados de Israel em Nablus estavam, segundo testemunhas, escondidos no sótão do hospital Rafidya quando tropas de Israel cercaram e invadiram o prédio. Segundo as testemunhas, um tiroteio se seguiu, no qual os três foram mortos. Eles seriam membros das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, facção armada do Fatah, grupo político do presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat. Segundo o Exército de Israel, os soldados buscavam militantes que estavam escondidos há tempos no hospital e que eram acusados de envolvimento com um atentado em Israel no dia 12 de agosto e com outras emboscadas na Cisjordânia. Cerca de 100 mil pessoas acompanharam ontem em Gaza o funeral de Chanab. Segundo testemunhas, foi a maior concentração já vista em um funeral em Gaza. Apesar disso, muitos palestinos que tentavam chegar à cidade foram impedidos pelo bloqueio, pelo Exército israelense, na madrugada, da principal estrada que corta a faixa de Gaza. "Vingança! Vingança!", gritavam os manifestantes, em meio a tiros para o alto. "Nós amamos a martirização e buscamos a martirização", afirmou o líder do Hamas Abdel Aziz al Rantissi, que escapou de um ataque israelense em junho. "Nossos líderes e seguidores continuarão lutando até se converterem em mártires", disse. Com agências internacionais Texto Anterior: Evento: Folha promove debate sobre terrorismo Próximo Texto: ANP condiciona combate a terroristas Índice |
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