UOL


São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VALE-TUDO

Artista polonesa cria lembranças do campo nazista e divide opinião pública

Auschwitz se torna "suvenir"

DA REUTERS, EM AMSTERDÃ

Uma artista polonesa vem causando polêmica na Holanda por ter posto à venda "suvenires de Auschwitz", objetos que vão de ímãs de geladeira em forma de crematório a chaveiros com os dizeres "Arbeit Macht Frei" (o trabalho liberta -a inscrição que ficava sobre o portão de entrada de Auschwitz). O objetivo seria lembrar os horrores do campo de extermínio nazista.
Camisetas com o símbolo sombrio da caveira que ficava exposta na grade eletrizada que cercava o campo e os chaveiros com a inscrição sinistra estão à venda desde o final de julho numa feira de arte, na Holanda.
Agata Siwek, 30, que passou sua infância perto de Auschwitz, disse que os artigos postos à venda na cidade de Den Bosch têm como objetivo fazer com que as pessoas se recordem do Holocausto e da importância de combater a discriminação e a guerra. "Trata-se de um modo de lembrar o mal que existe em nós. Auschwitz é o símbolo do mal."
A exposição polariza a opinião pública. Na Segunda Guerra, 6 milhões de judeus morreram nas mãos das forças de Adolf Hitler. Mais de 1 milhão de pessoas morreram em Auschwitz.
Um sobrevivente disse que ver pessoas usando camisetas ou chaveiros do campo pode despertar memórias dolorosas. "É um escândalo. Já tenho uma lembrança real de Auschwitz, ela está no meu braço", disse Salomon Zanten, 81, aludindo ao número que foi tatuado em seu braço quando ele estava no campo.
Siwek também criou bonés de beisebol inspirados em Auschwitz e bonecos de pano com uma roupa azul e branca que lembra os uniformes do campo de concentração. O campo fica na Polônia e hoje é tombado pela Unesco, que o conserva como patrimônio histórico mundial.
A vereadora Anneke Schults, de Den Bosch, afirma que muitas pessoas acham os suvenires de mau gosto. "Somos a favor da liberdade de expressão artística, mas esses suvenires foram longe demais", disse ela.


Tradução de Clara Allain


Texto Anterior: Em Israel, 62% defendem fim do diálogo
Próximo Texto: Reino Unido: Beatles fazem Londres expulsar 6 brasileiros
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.