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GUERRA SEM LIMITES
Ataques não visam só militares estrangeiros, mas também líderes regionais e clérigos
Violência generalizada ameaça eleição afegã
MÁRCIO SENNE DE MORAES
ENVIADO ESPECIAL A CABUL
A morte de quatro soldados numa emboscada no sul do Afeganistão, no mais grave ataque a militares americanos desde o final de
junho, e um atentado a um comboio de veículos da Embaixada
dos EUA nos arredores de Cabul,
ambos anteontem, serviram para
ilustrar a forte preocupação das
forças estrangeiras no país com a
possibilidade do aumento da violência com a aproximação das
eleições legislativas, que ocorrerão em 18 de setembro próximo.
Outra preocupação do comando militar americano é o recrudescimento da violência em certas regiões do Afeganistão neste
ano, quando mais de 60 militares
americanos morreram -número superior ao dos anos precedentes se o período da guerra contra o
regime islâmico do Taleban não
for considerado. Ao todo, 184 militares americanos morreram em
combate no Afeganistão desde a
invasão do país, no final de 2001.
De acordo com o comando militar dos EUA e com autoridades
afegãs, a situação deverá piorar
nas próximas semanas por conta
da disputa eleitoral. A insurgência
afegã, sobretudo o Taleban, prometeu fazer o que estiver a seu alcance para atrapalhar o pleito.
Ontem, um porta-voz do grupo
declarou que o Taleban continuará suas ações para desorganizar a
eleição, mas que os locais de votação não serão atacados.
Em uma operação que durou
uma semana, informaram ontem
oficiais americanos, o Exército
dos EUA e as tropas afegãs mataram pelo menos 40 rebeldes supostamente envolvidos nos ataques aos americanos em 28 de junho na Província de Kunar (leste
do Afeganistão), quando 19 militares foram mortos numa emboscada. Nas últimas semanas, as forças conjuntas dos dois países mataram mais de cem insurgentes,
em ações que buscam garantir a
segurança nas eleições.
As eleições legislativas afegãs
são vistas pela comunidade internacional e por autoridades afegãs
como mais um passo no caminho
da verdadeira democratização do
país, que viveu mais de duas décadas de sangrentos conflitos desde
a invasão soviética, em 1979.
A violência não atinge apenas
militares estrangeiros, já que policiais, militares, líderes regionais e
clérigos afegãos também têm sido
alvos da insegurança. Mawlawi
Abdullah, um clérigo pró-governo, foi morto por atiradores desconhecidos na Província de Candahar, no mais recente ataque a líderes religiosos que condenaram
a campanha de desestabilização
preconizada pelo Taleban.
Obviamente, a piora da violência preocupa o comando militar
americano e o da Isaf (Força Internacional de Assistência à Segurança), que é comandada pela
Otan (aliança militar ocidental)
desde meados do ano passado.
Todavia não se trata de uma surpresa, segundo membros de ambas as forças.
O general Jason Kamyia, que
comanda as forças de coalizão lideradas pelos EUA, afirmou que
os atentados não minarão a determinação de seus comandados em
assegurar a melhor situação de segurança possível aos eleitores em
18 de setembro.
O jornalista Márcio Senne de Moraes
viajou ao Afeganistão a convite do governo dos EUA.
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