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Irã mantém plano nuclear, mas propõe diálogo "sério"
Teerã responde à proposta das potências com "nova fórmula" para resolver impasse
Resposta detalhada está em
estudo nos EUA e na UE, mas iranianos indicam que não cumprirão prazo da ONU para congelar programa
DA REDAÇÃO
Um dia após reiterar que não
suspenderia seu programa nuclear, frustrando de antemão a
principal exigência do Conselho de Segurança da ONU, o Irã
respondeu ontem ao pacote de
incentivos oferecido pelos
membros do órgão propondo
uma "nova fórmula" para resolver o impasse. O país afirmou
ainda que está disposto a conduzir "sérias negociações" com
as potências a partir de hoje sobre suas ambições atômicas.
Uma extensa resposta por escrito foi entregue pelo principal negociador nuclear iraniano, Ali Larijani, aos embaixadores em Teerã de China, Rússia,
Reino Unido, França, Alemanha e Suíça. Este último representa os interesses dos EUA,
que romperam relações com o
Irã em 1979.
Uma resolução aprovada no
CS deu ao Irã até o fim deste
mês para que suspenda o enriquecimento de urânio ou enfrente a possibilidade de sofrer
sanções políticas e econômicas.
Ambigüidades
"Embora não haja justificativa para o gesto ilegal de remeter o caso do Irã ao Conselho de
Segurança, nós preparamos a
resposta ao pacote de forma
positiva", disse Larijani à agência de notícias iraniana IRNA.
O pacote de incentivos foi elaborado em junho pelos cinco
membros permanentes do CS,
mais a Alemanha. "Apesar das
ambigüidades em muitos casos,
nós tentamos preparar o caminho para conversas justas com
uma atitude lógica e positiva."
Não foi revelado o teor das
respostas iranianas, mas o detalhamento com que foram
preparadas foi recebido como
um sinal de que o país está
aberto ao diálogo. Segundo diplomatas europeus que tiveram acesso ao texto, o documento iraniano é constituído
de um complexo conjunto de
contrapropostas destinadas a
retomar as negociações.
Representantes de EUA, Reino Unido, França e Alemanha
farão uma reunião hoje para
avaliar a resposta iraniana.
O chefe de política externa da
União Européia, Javier Solana,
disse que o documento entregue pelo Irã é "extenso" e exige
"análise detalhada e cuidadosa". "Nossa expectativa sempre
foi a de uma resposta que não
fosse branca ou preta, mas cinza", disse Cristina Gallach, porta-voz de Solana. "Nossa posição é que não pode ser cinza."
Segundo o embaixador dos
EUA na ONU, John Bolton, a
resposta iraniana será "cuidadosamente" estudada. Caso ela
não atenda "aos termos estabelecidos" pelos seis países, o CS
dará prosseguimento ao processo de aplicação de sanções
contra o Irã, disse Bolton.
"Se, por outro lado, os iranianos escolheram o caminho da
cooperação, uma relação diferente com os Estados Unidos e
com o resto do mundo é possível", afirmou o representante
americano. O Irã insiste em
afirmar que é direito seu desenvolver um programa nuclear
com fins pacíficos.
Nos últimos meses os EUA lideraram uma intensa campanha diplomática em defesa de
sanções contra o Irã, mas países como China e Rússia, que
têm poder de veto no CS, manifestaram oposição à idéia, preferindo continuar dando chance à diplomacia.
O diálogo com negociadores
europeus foi congelado no começo do ano, depois que Teerã
interrompeu a cooperação com
a Agência Internacional de
Energia Atômica da ONU
(AIEA), suspendeu as inspeções em suas instalações nucleares e deu início a enriquecimento de urânio em pequena
escala.
Ataque
A empresa de petróleo romena Grup Servicii Petroliere afirmou ontem que uma de suas
plataformas no golfo Pérsico,
que está em disputa judicial, foi
atacada por um navio iraniano,
cuja tripulação invadiu a instalação. Autoridades iranianas
negaram que o navio tenha
aberto fogo.
O grande temor dos mercados mundiais de petróleo desde
a intensificação da polêmica
em torno do programa nuclear
iraniano é o de que o país tente
usar sua posição estratégica no
golfo Pérsico para interromper
a exportação do combustível.
Com agências internacionais
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