|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Teerã tem mais influência que EUA, diz dossiê
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
A destituição dos poderes
de Saddam Hussein no Iraque e do Taleban no Afeganistão levaram a influência
do Irã no Oriente Médio a superar a dos Estados Unidos.
A conclusão está no relatório "Irã, seus Vizinhos e as
Crises Regionais", que o centro de análise Chatham House (The Royal Institute of International Affairs), com base em Londres, divulga hoje.
Segundo o documento, a
influência iraniana está se
expandindo no Oriente Médio e no Afeganistão graças a
uma bem-sucedida estratégia diplomática, somada a
ações de caridade na região.
"Enquanto os EUA jogam
pôquer na região, o Irã joga
xadrez", afirma Nadim Shehadi, um dos autores do relatório. "Os iranianos estão desenvolvendo um plano de
longo prazo, mais astuto e
bem-sucedido na conquista
de corações e mentes."
Uma das conclusões do estudo da Chatham House é
que a crescente facilidade
com que o Irã opera na região "compromete seriamente" a capacidade dos
EUA de confrontarem o governo de Mahmoud Ahmadinejad, que se tornou o inimigo número um de Washington por suas supostas ambições nucleares e seu apoio ao
grupo xiita libanês Hizbollah
contra Israel.
O relatório avalia que a administração de George W.
Bush tem demonstrado pouca habilidade para usar instrumentos políticos e culturais na conquista de seus interesses estratégicos, enquanto o conhecimento iraniano da região, somado aos
laços culturais e históricos,
deu ao país uma grande vantagem em relação à influência ocidental.
Falta de imaginação
"A política do Ocidente em
relação ao Oriente Médio é
totalmente sem imaginação.
Entre a negligência e a ação
militar há um mundo de possibilidades que ainda precisa
ser explorado", disse Ali Ansari, analista da Chatham
House para o Oriente Médio.
Apesar do sucesso da política iraniana nas relações
com seus vizinhos, o documento afirma que o país vive
um conflito interno entre
seu líder religioso, o aiatolá
Ali Khamenei, e o presidente
Mahmoud Ahmadinejad.
A recente decisão de Khamenei de criar um Conselho
de Relações Exteriores é
apontada como mais um indício dessa cisão.
Liderado pelo ex-ministro
das Relações Exteriores do
Irã, o moderado Kamal
Kharrazi, o conselho recebeu
a tarefa de criar a estratégia
da política externa iraniana.
"A criação desta instituição ilustra a deterioração das
relações entre Khamenei e
Ahmadinejad, acrescentando um novo instrumento de
coordenação política ao sistema, com o qual o presidente terá de conviver", diz o relatório.
Texto Anterior: EUA exageram perigo, mas Teerã deveria parar enriquecimento, diz líder da oposição Próximo Texto: Itália poderá mandar até 3.000 soldados ao Líbano Índice
|