São Paulo, quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Premiê iraquiano reage a crítica de Bush

DE WASHINGTON

O premiê do iraque, Nouri al Maliki, respondeu ontem a críticas que lhe foram endereçadas por políticos dos EUA, o presidente Bush entre eles.
Ainda antes do discurso de Bush no Kansas, Maliki, que estava em visita na Síria, afirmou que ninguém de fora do Iraque tinha o direito de estabelecer prazos para o progresso de seu país. "As pessoas estão incomodadas com nossa visita à Síria", disse. Maliki afirmou ainda que pode encontrar "no mundo muitos que apóiam nossa empreitada", sugerindo que uma falta de apoio dos EUA não lhe seria tão prejudicial.
Explicam-se as palavras do premiê iraquiano pelo fato de o governo Bush acusar constantemente a Síria de ser um porto seguro para radicais islâmicos. Além disso, na segunda-feira o senador democrata Carl Levin havia pedido à Assembléia iraquiana que depusesse Maliki -pedido esse reforçado ontem por sua colega de partido, a senadora Hillary Clinton, pré-candidata à Presidência.
Hillary afirmou, já depois da declaração de Maliki, que ele deve ser substituído por "uma figura mais conciliadora", que unisse as facções políticas e religiosas do Iraque.
Por seu fraco desempenho na união do país e no combate às milícias, o iraquiano vem sendo criticado também por republicanos e pelo próprio embaixador dos EUA em Bagdá, Ryan Crocker.
O discurso de Bush ontem no Kansas serviu também para tentar botar panos quentes no que poderia virar um bate-boca público entre ele e o premiê iraquiano. Bush negou que esteja se distanciando do líder xiita, como deu a entender anteontem no Canadá. O americano disse que Maliki é "um bom cara, com um trabalho difícil, e eu o apóio". E que "cabe ao povo iraquiano" decidir seu futuro.
O discurso de Bush faz parte de uma estratégia maior do governo de tentar virar parte da opinião pública nos EUA, majoritariamente contra a Guerra do Iraque, e criar um ambiente favorável para o depoimento que o comandante norte-americano no Iraque, general David Petraeus, e o embaixador Crocker darão no Congresso no dia 11 de setembro, no aniversário de seis anos do ataque. A data teria sido escolhida de caso pensado.
A nova blitz conta ainda com outro discurso de Bush sobre a guerra, na terça, e a criação de um grupo conservador pró-conflito, o Freedom's Watch, que gastará US$ 15 milhões entre hoje e o meio de setembro em anúncios na mídia defendendo a permanência das tropas dos EUA no Iraque.
A luta maior, porém, é entre Bush, o presidente mais mal avaliado desde Richard Nixon, e o Congresso dominado pela oposição democrata, com aprovação de apenas 19%, segundo pesquisa Gallup. (SÉRGIO DÁVILA)


Texto Anterior: França retoma envolvimento no Iraque e apazigua os EUA
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.