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Premiê iraquiano reage a crítica de Bush
DE WASHINGTON
O premiê do iraque, Nouri al
Maliki, respondeu ontem a críticas que lhe foram endereçadas por políticos dos EUA, o
presidente Bush entre eles.
Ainda antes do discurso de
Bush no Kansas, Maliki, que estava em visita na Síria, afirmou
que ninguém de fora do Iraque
tinha o direito de estabelecer
prazos para o progresso de seu
país. "As pessoas estão incomodadas com nossa visita à Síria",
disse. Maliki afirmou ainda que
pode encontrar "no mundo
muitos que apóiam nossa empreitada", sugerindo que uma
falta de apoio dos EUA não lhe
seria tão prejudicial.
Explicam-se as palavras do
premiê iraquiano pelo fato de o
governo Bush acusar constantemente a Síria de ser um porto
seguro para radicais islâmicos.
Além disso, na segunda-feira o
senador democrata Carl Levin
havia pedido à Assembléia iraquiana que depusesse Maliki
-pedido esse reforçado ontem
por sua colega de partido, a senadora Hillary Clinton, pré-candidata à Presidência.
Hillary afirmou, já depois da
declaração de Maliki, que ele
deve ser substituído por "uma
figura mais conciliadora", que
unisse as facções políticas e religiosas do Iraque.
Por seu fraco desempenho na
união do país e no combate às
milícias, o iraquiano vem sendo
criticado também por republicanos e pelo próprio embaixador dos EUA em Bagdá, Ryan
Crocker.
O discurso de Bush ontem no
Kansas serviu também para
tentar botar panos quentes no
que poderia virar um bate-boca
público entre ele e o premiê iraquiano. Bush negou que esteja
se distanciando do líder xiita,
como deu a entender anteontem no Canadá. O americano
disse que Maliki é "um bom cara, com um trabalho difícil, e eu
o apóio". E que "cabe ao povo
iraquiano" decidir seu futuro.
O discurso de Bush faz parte
de uma estratégia maior do governo de tentar virar parte da
opinião pública nos EUA, majoritariamente contra a Guerra
do Iraque, e criar um ambiente
favorável para o depoimento
que o comandante norte-americano no Iraque, general David
Petraeus, e o embaixador Crocker darão no Congresso no dia
11 de setembro, no aniversário
de seis anos do ataque. A data
teria sido escolhida de caso
pensado.
A nova blitz conta ainda com
outro discurso de Bush sobre a
guerra, na terça, e a criação de
um grupo conservador pró-conflito, o Freedom's Watch,
que gastará US$ 15 milhões entre hoje e o meio de setembro
em anúncios na mídia defendendo a permanência das tropas dos EUA no Iraque.
A luta maior, porém, é entre
Bush, o presidente mais mal
avaliado desde Richard Nixon,
e o Congresso dominado pela
oposição democrata, com aprovação de apenas 19%, segundo
pesquisa Gallup.
(SÉRGIO DÁVILA)
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