São Paulo, domingo, 23 de agosto de 2009 |
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Após 2 anos, vítimas de tremor no Peru ainda esperam ajuda
Chávez ganha apoio por pagar cem casas na região, onde governo Alan García só refez 2.000 das 52.154 habitações arruinadas
Dois anos depois do terremoto que arrasou Pisco, Chincha e
Ica, no sul do Peru, Milagros
Collagos Olavarria, 25, lembra
que ouviu um estalido em sua
casa de tijolos de argila à beira
da rodovia. Sentiu a terra começando a sacudir "como se estivesse nos engolindo".
Ela se salvou, com o filho bebê, mas perdeu seis primos e
tios naquele dia, vítimas do tremor que atingiu 8 pontos na escala Richter e afetou mais de 75
mil casas em uma região em
que muita gente já enfrentava
dificuldades para ganhar a vida
com a pesca ou a plantação de
alcachofras, aspargos, algodão
e frutas cítricas. Nas três cidades, 560 pessoas morreram.
Olhando à sua volta, porém,
Collagos avalia agora que tem
sorte. "Perdemos tudo. Um dia
fomos à praça, nos inscrevemos
e ganhamos uma casa", conta.
O sorteio de cem casas de três
dormitórios, bancadas por Hugo Chávez, o presidente esquerdista da Venezuela, é parte
de uma estratégia já antiga. Ele
costuma enviar assistência de
emergência, e petróleo subsidiado a outros países, a fim de
promover sua "revolução bolivariana" e conquistar apoio aos
seus aliados esquerdistas, como Ollanta Humala, que foi
derrotado em 2006 pelo presidente peruano Alan García.
Chávez conquistou a gratidão de Collagos e de seus vizinhos em Chincha, muitos dos
quais portam adesivos com a
bandeira venezuelana em suas
casas, ao lado da peruana.
As casas, porém, são ameaça
menor a García do que Keiko
Fujimori, filha do ex-presidente e candidata direitista que
tem liderado as pesquisas sobre
a sucessão de 2011.
Ainda assim, o panorama de
casas brancas, gramados bem
aparados e parques infantis coloridos do bairro Simón Bolívar, que leva o nome do herói da
independência sul-americana e
ícone para o chavismo, oferece
um contraste brutal ante as milhares de habitações temporárias que se espalham na região.
"Estou zangado com o governo. A reconstrução está muito,
muito lenta", diz Emilio del Solar, prefeito de Chincha Baja. Tradução de PAULO MIGLIACCI Texto Anterior: Opositores no Irã têm destino incerto em prisões clandestinas Índice |
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