São Paulo, terça-feira, 23 de agosto de 2011

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Foto de 'mulheres de Chávez' leva a prisão

Diretora de semanário venezuelano é detida após publicar montagem com autoridades como dançarinas de cabaré

Segundo advogado, Dinorá Girón é acusada de fazer 'instigação ao ódio'; Justiça proibiu a distribuição e a edição

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Agentes do serviço de inteligência venezuelano mantêm detida desde anteontem a diretora do semanário "Sexto Poder", que em sua mais recente edição publicou montagem em que mulheres que ocupam altos cargos públicos aparecem como dançarinas de um cabaré chamado "revolução".
Segundo o advogado da publicação, Pedro Aranguren, a diretora, Dinorá Girón, e o editor-presidente, Leocenis García, foram acusados pelo Ministério Público de "instigação ao ódio".
Segundo o semanário, a Justiça proibiu, por medida cautelar, a edição e a distribuição de "Sexto Poder". O periódico opositor vende, segundo seus proprietários, 80 mil exemplares semanais.

'MÍSTER CHÁVEZ'
Na fotomontagem, os rostos da presidente do TSJ (Tribunal Supremo de Justiça), Luisa Estela Morales, da defensora do povo (ouvidora), Gabriela Ramírez, da procuradora-geral, Luísa Ortega Díaz, aparecem colados em corpos de dançarinas.
O título do texto é "As poderosas da revolução", e se menciona um cabaré comandado por "míster Chávez". Também fazem parte da sátira a controladora-geral, Adelina González, a presidente do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), Tibisay Lucena, e a vice-presidente da Assembleia, Blanca Eekhout.
"Ao som da melodia de um piano, as seis mulheres divertem o público com esperados bailes de pernas ao ar, que vem e vão, e saias ondeantes que se movem ao ritmo das canções tocadas pela banda 'PSUV' [partido governista]", diz o texto. "Não vamos permitir que nós nem nossas famílias sejam vilipendiadas ou ofendidas de nenhuma maneira", disse Morales, do TSJ. As afetadas fizeram uma manifestação de repúdio contra a publicação.
Uma sessão da Assembleia Nacional da Venezuela discutia o tema ontem.

GRAMPOS DA OPOSIÇÃO
Na Assembleia, os deputados de oposição ao chavismo pediam, em reciprocidade, a investigação do programa "La Hojilla", da TV estatal. Nas últimas semanas, o programa, e também noticiários do canal público, tem exibido gravações de conversas em que dirigentes da oposição falam mal de seus pares.
Na Venezuela, é ilegal a interceptação telefônica sem ordem da Justiça. O apresentador de "La Hojilla", Mário Silva, diz que o canal apenas exibe o que aparece no YouTube.


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