|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÍTICA AMERICANA
Guerra contra o terror dificulta situação de democratas nas eleições parlamentares de novembro
Bush reverte queda de sua popularidade
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Desde o aniversário de um ano
dos atentados de 11 de setembro
de 2001 até sexta-feira passada,
quando divulgou um documento
formalizando a maior mudança
da política externa americana nos
últimos 50 anos, o presidente dos
EUA, George W. Bush, conseguiu
reverter o declínio do apoio popular a seu governo e recolocou o
partido republicano em situação
de vantagem para as eleições legislativas de 5 de novembro.
Pesquisas de opinião divulgadas
nos últimos dias mostram que o
índice de aprovação a Bush, que
havia caído de 90% para pouco
mais de 60% devido a turbulências econômicas e escândalos corporativos, voltou a subir nesse período, para o patamar de 70%. As
pesquisas foram divulgadas nos
últimos dois dias pelo "Pew Research Center" e pelo consórcio
CNN-USA Today-Gallup.
Além disso, líderes democratas
admitiram ontem que terão dificuldades para atrair a atenção dos
eleitores, considerando o fato de
que a opinião pública deverá
manter-se focada numa possível
invasão do Iraque até as eleições
legislativas. A julgar pela reação
cautelosa da oposição à reformulação da política externa americana, a oposição democrata está claramente com receio de fazer críticas que possam parecer antipatrióticas ou antiamericanas.
Na sexta-feira, Bush divulgou
suas novas diretrizes de política
externa ("A Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos"). O documento consolida retórica que propõe substituição da
"contenção" e da "dissuasão",
princípios da Guerra Fria, pela
realização de ataques preventivos
contra grupos terroristas ou Estados hostis aos EUA.
No entanto, o documento também inova, ao afirmar que os
EUA não pretendem mais permitir que sua supremacia militar seja
desafiada e sugerir a perpetuação
de sua hegemonia "para sempre".
Lideranças democratas apoiaram o documento, embora tenham levantado dúvidas sobre
como evitar que outros países utilizem a mesma doutrina de ataques preventivos para agredir
seus inimigos.
As únicas ressalvas dos democratas foram dirigidas ao pedido
de autorização enviado na semana passada pela Casa Branca ao
Congresso para uma ação militar
contra Saddam Hussein. A oposição considera esse pedido exageradamente amplo. "É um pedido
para uso de força sem limites geográficos", disse o senador democrata Carl Levin. "O Congresso
vai precisar fazer mudanças, ao
menos limitá-lo ao Iraque."
A reação da sociedade civil americana ao documento que consolidou a Doutrina Bush também foi
tímida, quase nula. Poucos jornais optaram por distinguir a discussão sobre o Iraque do debate
mais amplo, sobre o novo papel
dos EUA no mundo.
Editorial do "New York Times"
- o mais crítico sobre a proposta- detectou, em alguns trechos
do documento, uma arrogância
típica do Império Romano e de
Napoleão. "Líderes confiantes e
fortes não precisam ser líderes arrogantes", diz o editorial do "Times", lembrando que a doutrina
Bush poderá alienar parceiros e
aliados num mundo em que a Casa Branca mais precisa deles.
Ignorando o texto do documento, editorial do "Washington
Post" apóia a guerra contra Saddam Hussein -mesmo sem
anuência das Nações Unidas-,
mas alerta para o fato de que o governo ainda não tem um plano
para reconstruir o Iraque depois
da queda do ditador.
Em novembro, os norte-americanos irão renovar parcialmente
o Senado e a Câmara dos Deputados. As eleições poderão afetar a
balança de poder nos EUA. Os democratas precisam obter seis cadeiras dos republicanos para conquistar a maioria na Câmara dos
Deputados. No Senado, basta aos
republicanos adicionar um único
senador à sua bancada para retomar o controle da casa, que perderam no ano passado.
Texto Anterior: Reino Unido: Ex-amante de Diana nega que seria pai de Harry Próximo Texto: Costa do Marfim: França reforça presença militar em ex-colônia Índice
|