São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 2005

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EUA

Ameaçados pelo furacão Rita, moradores levam até 14 horas para se afastar de Houston e não têm hotel ou gasolina

Fuga é caótica; Bush tenta mostrar serviço

Larry Smith/Efe
Idosos se deslocam para se acomodar em ônibus que retiram as pessoas de Galveston, no Texas


DA REDAÇÃO

Enquanto moradores de Houston passaram horas presos no tráfego para tentar se afastar da cidade e mexicanos que vivem no Texas se refugiaram em seu país, o furacão Rita perdeu um pouco de força ontem, a horas de chegar aos EUA. Com seus ventos, porém, ainda no segundo nível mais forte, o presidente George W. Bush busca se contrapor às críticas de lentidão pela reação ao Katrina e já trabalha na nova ajuda.
Chuvas relacionadas ao Rita começaram a atingir Nova Orleans, a cidade mais devastada pelo Katrina, e geraram o temor de o sistema de diques voltar a se romper e inundar mais uma vez a cidade, que não está na rota do novo furacão -o terceiro a chegar aos EUA desde o final do mês passado.
Anteontem, o Rita havia subido da categoria quatro, a mesma da passagem do Katrina em 29 de agosto, para a cinco (a mais alta). Ontem, voltou ao nível anterior, mas com ventos de 240 km/h.
Para o Centro Nacional de Furacões, o Rita continuará a perder força até chegar entre hoje à noite e a madrugada de amanhã à costa do Texas, no trecho de Galveston a Port Arthur, só que se manterá como "extremamente perigoso".
Assim, Bush já nomeou os chefes militar e geral da ajuda, começou a enviar o auxílio e planeja viajar ao Texas hoje. "Temos recursos lá para ajudar as autoridades a agir rápida e efetivamente."
Equipes de comunicação, 26 helicópteros e até 1.250 soldados começaram a ser enviados ao Estado, governado por Bush antes de virar presidente. No golfo do México, seis navios da Marinha estão de prontidão. Para liderar o esforço militar, Bush nomeou ontem o general Robert Clark, em contraste com o que fez na passagem do Katrina, quando a escolha veio um dia depois. Outro nomeado foi o vice-almirante Larry Hereth, que chefiará o trabalho de ajuda.
O presidente também voltou a falar que os EUA "se preparam para o pior". "Acho que uma das diferenças [em relação ao Katrina] é que as pessoas entenderam melhor a necessidade de sair."
Outra diferença é que os moradores da região de Houston, também em fuga, têm 3,5 vezes mais carros do que os da área metropolitana de Nova Orleans. São 2,7 milhões de carros e camionetes.
Com isso, motoristas chegam a ficar 14 horas no tráfego para se afastar de Houston, quarta maior cidade do país, com 4 milhões de habitantes na sua região metropolitana. Também há o problema da hospedagem. Hotéis a centenas de quilômetros já estavam lotados. A ordem de retirada no Texas e na Louisiana é menos ampla e abrange 1,8 milhão de pessoas.
As estradas a 160 km ao norte de Houston permaneciam congestionadas ontem. Postos ficaram sem combustível, e suas lojas, quase sem nada. Quem não tinha carro para sair reclamou de abandono. O governo do Texas pediu 10 mil soldados e ajuda militar para abastecer carros sem gasolina.
"Paramos após andar dez quilômetros em duas horas e 45 minutos", disse, ao ficar sem combustível, Trazanna Moreno, que não precisava ter deixado sua casa.
Mexicanos que vivem no Texas preferiram se refugiar no seu país, que faz fronteira com o Estado. Em Nuevo Laredo, famílias vindas de ao menos cinco cidades texanas esperavam ontem em longas filas para pagar por uma autorização à entrada de seus carros.
Assim como o Katrina, o Rita causou ainda elevação nos preços do petróleo. O Texas responde por 25% da produção americana.

Com agências internacionais

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