São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 2005

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Pior furacão americano pôs a ilha de Galveston na história

MICHAEL GRACZYK
DA ASSOCIATED PRESS, EM GALVESTON

Galveston, uma ilha habitada por 50 mil pessoas na costa do Texas, tem seu lugar na história dos EUA: foi a sede da pior catástrofe natural a acometer o país.
Naquela que é conhecida como a Grande Tempestade de 1900, ao menos 6.000 pessoas morreram -um sexto da população da cidade na época. Outras 10 mil ficaram desabrigadas. Mais de 3.600 construções foram destruídas por ondas de cinco metros de altura e ventos de 241 km/ h.
"O horror daquele momento é algo que jamais poderei descrever", escreveu a professora Daisy Thorne Gilbert a uma amiga, em carta incluída no livro "A Weekend in September" (Um fim de semana em setembro, de 1980), de John Edward Weems. "Uma montanha de água corria em nossa direção, e tremíamos, pensando que nossa sala não resistiria a mais um choque. As paredes rangiam; o vento uivava. Não podíamos ouvir nada além disso."
Galveston é uma faixa de areia de 48 km de comprimento e cinco de largura, na costa sudeste do Texas. Para protegê-la, foi construída em 1902 uma muralha de granito de 18 quilômetros de extensão e cinco metros de altura.
Até então, ela vinha fazendo seu trabalho a contento. Mas a cidade cresceu e ultrapassou a barreira.
Ontem, muitas famílias, sobretudo as que vivem fora da área protegida, preparavam-se para partir antes da chegada do furacão Rita, na manhã do sábado.
"Acho que não sobrará uma casa em pé", teme Lucy Micklitz, 42, que vive em Pirate's Beach, onde dezenas de casas foram erguidas sobre palafitas fincadas na areia, mas sem a proteção da muralha.
Com as imagens da devastação deixada pelo furacão Katrina frescas na memória, centenas de pessoas se reuniam anteontem num centro comunitário a fim de tomar um dos ônibus fornecidos pela prefeitura para levá-los até abrigos seguros, no interior. "Espero que ainda exista algo para o qual voltarmos", disse Cindy Weidner, 42, que aguardava para embarcar com a filha no colo.
Mas há ainda quem não esteja convencido da necessidade de partir. Jennifer McDonald ouve avisos de furacões a cada ano, mas toda vez acontece a mesma coisa: alguns repórteres ficam observando diante da muralha, e só. "Não acredito que o furacão vá nos atingir diretamente", afirma.
As autoridades reconheceram que não podem obrigar os moradores a deixar a cidade, mas fizeram alertas severos a quem optar por permanecer. "O furacão é grande o suficiente para destruir parte da ilha, senão grande parte do condado", disse a prefeita Lyda Ann Thomas. "Vamos ter de rezar para que sobrevivam."


Tradução de Clara Allain

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