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Pior furacão americano pôs a ilha de Galveston na história
MICHAEL GRACZYK
DA ASSOCIATED PRESS, EM GALVESTON
Galveston, uma ilha habitada
por 50 mil pessoas na costa do Texas, tem seu lugar na história dos
EUA: foi a sede da pior catástrofe
natural a acometer o país.
Naquela que é conhecida como
a Grande Tempestade de 1900, ao
menos 6.000 pessoas morreram
-um sexto da população da cidade na época. Outras 10 mil ficaram desabrigadas. Mais de 3.600
construções foram destruídas por
ondas de cinco metros de altura e
ventos de 241 km/ h.
"O horror daquele momento é
algo que jamais poderei descrever", escreveu a professora Daisy
Thorne Gilbert a uma amiga, em
carta incluída no livro "A Weekend in September" (Um fim de
semana em setembro, de 1980), de
John Edward Weems. "Uma
montanha de água corria em nossa direção, e tremíamos, pensando que nossa sala não resistiria a
mais um choque. As paredes rangiam; o vento uivava. Não podíamos ouvir nada além disso."
Galveston é uma faixa de areia
de 48 km de comprimento e cinco
de largura, na costa sudeste do
Texas. Para protegê-la, foi construída em 1902 uma muralha de
granito de 18 quilômetros de extensão e cinco metros de altura.
Até então, ela vinha fazendo seu
trabalho a contento. Mas a cidade
cresceu e ultrapassou a barreira.
Ontem, muitas famílias, sobretudo as que vivem fora da área
protegida, preparavam-se para
partir antes da chegada do furacão Rita, na manhã do sábado.
"Acho que não sobrará uma casa em pé", teme Lucy Micklitz, 42,
que vive em Pirate's Beach, onde
dezenas de casas foram erguidas
sobre palafitas fincadas na areia,
mas sem a proteção da muralha.
Com as imagens da devastação
deixada pelo furacão Katrina frescas na memória, centenas de pessoas se reuniam anteontem num
centro comunitário a fim de tomar um dos ônibus fornecidos
pela prefeitura para levá-los até
abrigos seguros, no interior. "Espero que ainda exista algo para o
qual voltarmos", disse Cindy
Weidner, 42, que aguardava para
embarcar com a filha no colo.
Mas há ainda quem não esteja
convencido da necessidade de
partir. Jennifer McDonald ouve
avisos de furacões a cada ano, mas
toda vez acontece a mesma coisa:
alguns repórteres ficam observando diante da muralha, e só.
"Não acredito que o furacão vá
nos atingir diretamente", afirma.
As autoridades reconheceram
que não podem obrigar os moradores a deixar a cidade, mas fizeram alertas severos a quem optar
por permanecer. "O furacão é
grande o suficiente para destruir
parte da ilha, senão grande parte
do condado", disse a prefeita
Lyda Ann Thomas. "Vamos ter de
rezar para que sobrevivam."
Tradução de Clara Allain
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