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Obama faz pressão por paz no Oriente Médio
Em encontro trilateral com líderes palestino e israelense, presidente dos EUA afirma que é hora de "seguir em frente"
Em entrevista à CNN após reunião, premiê israelense rechaça precondições para negociar, ecoando sugestão de negociador dos EUA
DA REDAÇÃO
O presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama, instou
as autoridades israelenses e palestinas a se esforçar mais para
destravar o processo de paz entre os dois lados, ontem, durante encontro trilateral em Nova
York com o premiê israelense,
Binyamin Netanyahu, e o presidente da ANP (Autoridade
Nacional Palestina), Mahmoud
Abbas, um dia antes da reunião
da Assembleia Geral da ONU.
"Posto de maneira simples, já
é passada a hora de começar as
negociações. Apesar dos obstáculos, apesar de toda a história,
apesar de toda a desconfiança, é
hora de seguir em frente", disse
o presidente americano após a
reunião, o primeiro encontro
entre Abbas e Netanyahu desde
a chegada do israelense ao poder, em março.
Obama qualificou a retomada das negociações como "absolutamente crítica". Disse ainda que todos têm "trabalhado
incansavelmente" para resolver a questão, mas ainda assim
não foram feitos progressos suficientes. "Nós devemos nos arriscar pela paz", disse Obama
no encontro. "Negociações permanentes devem começar -e
começar logo."
Segundo a agência de notícias Associated Press, Obama
deixou mais claro na reunião o
que espera dos dois lados e delineou um cronograma de ações
para as próximas semanas.
Aos palestinos disse que eles
têm progredido em seus esforços de segurança, mas ainda
precisam se empenhar mais em
frear a cooptação de novos militantes por grupos radicais. Já
aos israelenses pediu redução
das restrições à liberdade de ir e
vir dos palestinos e disse que,
apesar do avanço nas discussões sobre a paralisação da
construção de assentamentos
judaicos na Cisjordânia, "essas
discussões precisam ser traduzidas em realidade".
Um assessor de Abbas, Yasser Abed Raddo, disse que o líder da ANP pediu o congelamento completo dos assentamentos -reivindicação que
também é pedida pela Casa
Branca e que passou a gerar
tensões entre os aliados históricos EUA e Israel. Raddo disse,
ainda, que Netanyahu pediu
que a ANP reconhecesse Israel
como Estado judaico.
Antes mesmo de acontecer, o
encontro trilateral já era visto
com ceticismo por parte de
analistas, que não acreditavam
que dali pudesse surgir algum
avanço significativo.
Em nota divulgada no domingo, o governo israelense
disse que a reunião tripartite
era apenas um "encontro preliminar" para definir as bases para negociações futuras.
Fracasso
Na semana passada, o enviado especial dos EUA para o
Oriente Médio, George Mitchell, fracassou em conseguir
mitigar as divergências para
reaproximar os dois lados, depois de seis encontros bilaterais com os dois líderes.
Ontem, Mitchell sugeriu que
os dois lados deveriam voltar à
mesa de negociações sem precondições, já que os próprios
americanos nunca apresentaram tal exigência, e não gostaria que as partes o fizessem.
A mensagem foi um sinal claro aos palestinos, para que aceitem recomeçar as discussões,
mesmo com o plano de expansão dos assentamentos de Israel, em curso na Cisjordânia,
território palestino. Atualmente, está em andamento a construção de 2.400 edifícios israelenses em terras palestinas.
A indicação de Mitchell é semelhante à posição de Israel.
Em entrevista à CNN, Netanyahu deixou claro que não pretende interromper a construção dos assentamentos. Para o
líder israelense, a questão tem
de vir à mesa durante as negociações -e não antes dela, como uma precondição. Segundo
o premiê, haverá avanços para a
paz se os palestinos "simplesmente reconhecerem o Estado
judaico".
Ataque a Gaza
As negociações entre palestinos e israelenses foram interrompidas após as três semanas
de bombardeios de Israel contra Gaza, entre dezembro e janeiro. Segundo os israelenses, a
operação foi lançada em resposta a foguetes disparados por
radicais do Hamas, que controla o território palestino desde
2007, contra o sul do país.
O ataque do Exército de Israel matou 1.400 palestinos. No
mesmo período, quatro civis israelenses morreram por disparos de foguetes. O confronto
motivou um relatório da ONU,
que apontou indícios de crimes
de guerra e crimes contra a humanidade, cometidos pelos
dois lados -que rechaçaram as
conclusões do relatório.
Ontem, o premiê israelense
condenou duramente o documento, qualificando-o de "absurdo", e justificou que a ação,
empreendida pelo governo de
seu antecessor, Ehud Olmert,
foi motivada pelos "milhares de
foguetes" disparados nos últimos oito anos contra o sul de
Israel.
Com agências internacionais
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