Premiê chinês adverte que país "enfrentará todas as consequências" caso não libere capitão de pesqueiro preso

Pequim acusa Tóquio de ser "único responsável" pelo "dano" às relações; premiê japonês exorta China a manter "calma"

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Em suas primeiras declarações sobre a recente crise diplomática com o Japão, o premiê chinês, Wen Jiabao, disse que o país vizinho "enfrentará todas as consequências" caso não libere um capitão de barco capturado em área marítima sob disputa.
Wen acusou Tóquio de ser o "único responsável" pelo "sério dano" nas relações bilaterais. Falando a sino-americanos em Nova York, onde participa da Assembleia Geral da ONU, o premiê chinês disse que não se reunirá com seu colega japonês, Naoto Kan, que também estará na cidade norte-americana.
Pouco antes de embarcar em Tóquio, Kan disse ao jornal britânico "Financial Times" que exortou a China a resolver a disputa "com calma" e minimizou a falta de uma reunião bilateral com Wen, alegando que o encontro não estava previsto.
A pior crise entre os dois países em cinco anos começou no último dia 7, quando dois barcos da Guarda Costeira interceptaram um barco pesqueiro chinês na região de ilhotas em disputa pelo dois países, conhecidas como Senkaku, no Japão, e Diaoyu, na China. A manobra terminou num choque entre as três embarcações.
Desde então, o Japão se recusa a atender os pedidos de Pequim para soltar o capitão do barco. No último domingo, Tóquio disse que o chinês ficará preso até o dia 29.
Até lá, promotores japoneses decidirão se o capitão do pesqueiro será indiciado por supostamente ter se chocado intencionalmente com os barcos de patrulha.

RETALIAÇÃO
Em represália à prorrogação da prisão, a China suspendeu relações bilaterais nos níveis provinciais (Estados) e ministeriais e congelou as negociações para aumentar os voos comerciais entre os dois países e para um projeto de carvão.
Pequim ainda retirou o convite a mil jovens japoneses para visitar a Expo 2010 Xangai que partira do próprio premiê Wen. O cancelamento ocorreu no domingo, véspera da viagem do grupo.
Em outra medida, a China orientou as agências de turismo do país a não promover pacotes turísticos para o Japão, que tem na China o seu maior parceiro comercial.
Até a banda adolescente japonesa SMAP teve os seus shows na China cancelados.
O arquipélago fica a cerca de 190 km a leste de Taiwan, que também disputa o território há 40 anos com a China e o Japão, país que atualmente é o controlador da área.
Apesar de as oito ilhas somarem apenas 6,3 km², têm potencial para petróleo e gás.


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