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Violência volta a locais santos de Jerusalém
Às vésperas do fim da moratória na construção de colônias, judeus e palestinos se enfrentam na Cidade Velha
Palco dos confrontos, Monte do Templo foi o epicentro de uma onda de violência há 10 anos, a "Segunda Intifada"
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
Jerusalém viveu ontem um
dia de confrontos violentos,
aumentando a tensão às vésperas de expirar o congelamento imposto por Israel sobre a construção nos territórios ocupados.
Ficaram feridos dez israelenses e 14 palestinos. No fim
do dia, a calma retornou.
Os tumultos começaram
quando um palestino de 32
anos foi morto a tiros por um
segurança israelense no bairro árabe de Silwan, em Jerusalém Oriental. No local há
um enclave judeu em meio à
população palestina.
O incidente deflagrou uma
onda de protestos que se espalhou pela Cidade Velha e
chegou a seu ponto mais sensível, a Esplanada das Mesquitas (Monte do Templo, para os judeus), onde policiais
israelenses entraram para
conter os manifestantes.
Centenas de pessoas participaram do funeral do palestino, criando protestos esporádicos nas cercanias e dentro da Cidade Velha.
Carros foram revirados e
incendiados. Palestinos jogaram pedras nos policiais,
que responderam com gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e jatos d"água.
Os confrontos nesta parte
da cidade são frequentes,
mas só em casos extremos as
forças de segurança israelenses entram na Esplanada das
Mesquitas.
A última vez foi em junho,
e pelo mesmo motivo, deter
palestinos que jogavam pedras em fiéis no Muro das Lamentações, local mais sagrado para o judaísmo.
O incidente mais grave
ocorreu em 2000, quando o
político israelense Ariel Sharon fez uma visita ao local,
provocando uma onda de
violência que resultou na
chamada "Segunda Intifada", encerrada em 2004.
ABBAS RECUA
O término da moratória de
dez meses é a principal
ameaça às negociações entre
palestinos e israelenses.
Os mediadores norte-americanos tentam achar uma
fórmula para convencer os
palestinos a continuar o dialogo, mesmo se as obras forem retomadas.
Em Nova York, o presidente da Autoridade Palestina,
Mahmoud Abbas, deu sinais
de que poderá flexibilizar sua
posição.
"Não posso dizer que deixarei as negociações, mas é
muito difícil para mim retomar as conversas se o premiê
[Binyamin] Netanyahu declarar que continuará sua atividade na Cisjordânia e em
Jerusalém", disse.
Em sintonia com seu gabinete de maioria conservadora, Netanyahu já antecipou
que não prorrogará o congelamento, mas indicou que limitará as construções.
A explosão de violência
em Jerusalém ocorreu um dia
depois do alerta feito pelo
chefe das Forças Armadas de
Israel, Gabi Ashkenazi, de
que o colapso das negociações poderá gerar uma escalada de ataques palestinos.
Para o porta-voz do governo palestino, Ghassan Khatib, a origem da violência está na ocupação israelense,
como ocorreu em Silwan.
"Ações ilegais de colonos
fortemente armados no coração dos bairros palestinos resultam em provocações diárias", disse.
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