São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2011

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Islâmicos e secularistas dividem Tunísia

Ao todo, 110 partidos disputam hoje 218 cadeiras da Assembleia Constituinte em eleições por voto proporcional

Turquia serve como modelo para o partido Nahda, que lidera as pesquisas; oposição teme Estado religioso

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A TÚNIS

No movimentado comitê de campanha montado pelo Nahda (Partido do Renascimento Islâmico) num sobrado do centro de Túnis, o pôster de um sorridente Recep Tayyip Erdogan, o premiê turco, ocupa lugar de destaque.
Nem precisava. A Turquia é o modelo claro e assumido pelo partido que lidera as pesquisas de opinião para a eleição de hoje na Tunísia, berço da Primavera Árabe.
A fórmula turca que une democracia e valores islâmicos é criticada pelos adversários do Nahda, como PDP (Partido Democrático Progressista) e o Ettakatol, que temem um Estado religioso.
Mas a polarização entre secularistas e islâmicos vai além das fronteiras da Tunísia, é um laboratório para o futuro das revoltas árabes.
"O processo eleitoral já é uma lição que a Tunísia oferece aos países árabes", diz o cientista político da Universidade de Túnis, Lofti Mechichi. "Todas as forças políticas puderam mostrar suas ideias, por meio de partidos ou listas independentes."
Sem tradição democrática após décadas sob uma ditadura desde a independência da França, em 1956, a Tunísia chega à votação com uma profusão de candidatos.
Nada menos que 110 partidos concorrem à Assembleia Constituinte. Os 218 constituintes serão escolhidos pelo voto proporcional.
Banido na ditadura de Zine Ben Ali, o Nahda ganhou a dianteira sob a liderança de Rachid Ghannouchi. Exilado por 20 anos em Londres, ele defende a volta às origens islâmicas, na Tunísia.
O Nahda, porém, promete preservar o código da família, que desde os anos 50 coloca as mulheres e homens em pé de igualdade. "A Tunísia é um país islâmico e será democrática. Qual o problema?", diz Said Ferjani, um dos líderes do Nahda.



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