São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2011

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Governo de transição anuncia eleição na Líbia em até 8 meses

Futuro Parlamento redigirá Constituição do país, que vai ser submetida a um referendo

Segundo premiê, ideia é ter um governo interino até que nova Carta seja elaborada e depois eleger um presidente

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Líbia terá eleições livres e democráticas em até oito meses, segundo declaração do primeiro-ministro do governo formado pelo CNT (Conselho Nacional de Transição), Mahmoud Jibril.
A ideia é eleger um governo provisório e um conselho, que criará uma Constituição.
Em discurso ontem no Fórum Econômico Mundial, na Jordânia, Jibril disse que a prioridade nos dias seguintes à morte do ex-ditador Muammar Gaddafi foi restabelecer a ordem no país e iniciar um processo de reconciliação.
"A eleição deve ser feita num período de oito meses, no máximo, para constituir um Congresso Nacional da Líbia, uma espécie de Parlamento", disse. Se ocorrer, será a primeira eleição democrática na história do país.
Em um primeiro momento, o Congresso teria duas tarefas: formular uma Constituição, sobre a qual haveria um referendo e formar um governo interino.
A ideia é que esse governo dure até que a primeira eleição presidencial seja feita.

RENÚNCIA
Jibril havia dito que renunciaria ontem - o que não aconteceu. A expectativa é de que a renúncia seja feita hoje, depois dos eventos que marcarão o que está sendo chamado de "libertação nacional".
O objetivo da renúncia seria conciliar os vários lados da oposição política do país.
De toda forma, Jibril anunciou, também ontem, que o conselho de transição precisa continuar até que um novo governo seja formado.
"Não podemos deixar um vácuo", afirmou. Polêmico, ele foi um dos principais negociadores internacionais do governo interino.
O CNT vai indicar um primeiro-ministro interino para esse período de oito meses, até as eleições serem feitas. Um dos nomes apontados como possível novo premiê é o de Ali Tarhoumi, que atualmente ocupa o cargo de ministro do Petróleo do governo de transição.

HISTÓRIA
Gaddafi governou a Líbia durante 42 anos, desde que tomou o poder do rei Idris. Quando deu o golpe de Estado, ele tinha 27 anos.
Sob o ex-ditador, o país não tinha constituição, apenas o chamado "Livro Verde", que estabelecia desde 1976 as diretrizes do governo.
Dos 42 anos que governou, passou 18 sem relações com Washington. O motivo foi a suspeita de participação de agentes líbios na queda do avião da americana Pan Am sobre Lockerbie, na Escócia, em 1988. O acidente matou 270 pessoas. As relações só foram restabelecidas em 2006.
Os confrontos que desencadearam a queda de Gaddafi começaram um mês depois do estopim da Primavera Árabe, na Tunísia. Os confrontos resultaram na queda do ditador Zine Ben Ali, que governou a país durante 23 anos.
Na euforia dos protestos que começaram a acontecer nos países do norte da África e do Oriente Médio, em 15 de fevereiro, cerca de 2.000 manifestantes saíram às ruas de Benghazi, a segunda maior cidade da Líbia, para protestar contra a prisão de um ativista de direitos humanos e contra a corrupção.
Cerca de um mês depois do começo das revoltas, a ONU permitiu que os países aliados à Otan interviessem.
Foram quase nove meses de confrontos, até a morte de Gaddafi na quinta-feira. A previsão é de que as forças da Otan saiam da Líbia em 31 de outubro.



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