São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Gaddafi foi alvo de tiroteio, diz militar Comandante dos rebeldes revela nova versão da morte do ditador líbio; para legistas, tiro não foi à queima-roupa Embora fotografias não permitam uma análise definitiva, médicos têm certeza de que vítima foi espancada com vida LUIS KAWAGUTI DE SÃO PAULO O comandante das forças do governo de transição da Líbia que capturou Muammar Gaddafi revelou ontem à BBC detalhes sobre a morte do ditador na quinta-feira (20). Em entrevista à rede britânica, Omran el Oweib disse que o ex-ditador líbio foi arrastado para fora do duto onde se escondia, deu dez passos e caiu no chão. Então, um tiroteio teria ocorrido entre forças rebeldes e soldados pró-Gaddafi. Por isso, El Oweib disse que era impossível dizer quem deu o tiro fatal no ditador. Ele também afirmou que tentou salvar Gaddafi, mas que ele teria morrido na ambulância a caminho do hospital, nos arredores de Sirte. Apesar da nova versão dos fatos, as circunstâncias da morte de Gaddafi continuam cercadas de controvérsias. Médicos-legistas ouvidos pela Folha dizem que as fotos de seu corpo sugerem que ele não levou tiros à queima-roupa, ou seja, a menos de 50 cm de distância. O ferimento que mais chama a atenção é um orifício de entrada de projétil do lado esquerdo da cabeça do ditador, segundo o legista Augusto Aurélio de Carvalho, secretário-geral da Associação Brasileira de Medicina Legal. Segundo ele, a imagem indica que o disparo não foi feito à queima-roupa -mas a uma distância superior a 50 cm. Um tiro à queima-roupa deixaria uma marca característica na pele. "No assassinato sumário, a arma geralmente é encostada na cabeça da pessoa, e o ferimento não sugere isso." Para outra legista, que pediu para não ter o nome revelado, uma suposta queimadura sugere que o tiro não teria sido à queima-roupa, mas acontecido à curta distância. Ambos concordam que uma marca, no abdome de Gaddafi, pode ter sido causada por outro tiro ou estilhaço. Levantam a hipótese de um terceiro tiro -que teria entrado na parte de trás de sua cabeça e saído pela testa. E também acreditam que a coloração dos hematomas atesta que Gaddafi foi espancado vivo. A versão oficial do CNT (Conselho Nacional de Transição) é que o ditador levou um tiro na cabeça e outro no peito em um tiroteio. Mas imagens de cinegrafistas amadores mostraram Gaddafi com vida após a captura. Organismos internacionais cobram mais transparência do governo interino. Texto Anterior: Tunisianos têm orgulho de revolta árabe Próximo Texto: Governo de transição anuncia eleição na Líbia em até 8 meses Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |