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Desigualdade aumenta na China
Segundo estudo do Banco Mundial, os 10% mais pobres tiveram queda da renda entre 2001 e 2003
País é mais desigual do que EUA e Rússia; governo ainda hesita entre agir contra disparidade ou deixar que só crescimento atue
DO "FINANCIAL TIMES"
Os pobres da China empobreceram ainda mais, em um
período em que o país estava se
tornando mais rico, de acordo
com uma análise do Banco
Mundial. A renda real dos 10%
mais pobres entre o 1,3 bilhão
de chineses caiu em 2,4% em
prazo de 24 meses, entre 2001 e
2003, período em que a economia estava crescendo ao ritmo
de quase 10% ao ano.
Ao longo do mesmo período,
a renda dos 10% mais ricos dentre os chineses cresceu em mais
de 16%. Bert Hofman, o principal economista do banco para a
China, disse que "a renda média dos 10% mais pobres da população caiu ligeiramente entre 2001 e 2003, enquanto todas as demais categorias de
renda registravam elevação significativa".
As conclusões representam
um desafio às políticas do governo para reduzir a distância
entre as faixas de renda, questão que é considerada sensível
em termos políticos. Hu Jintao,
presidente que assumiu o poder em 2002 e provavelmente
será reeleito para novo mandato de cinco anos no ano que
vem, fez da redução da disparidade de renda uma das metas
centrais de seu governo.
A China, que tinha distribuição de renda relativamente
equilibrada em 1980, quando
deu início às suas reformas de
mercado, agora é "menos igual"
que os Estados Unidos e a Rússia, em termos do coeficiente
Gini, uma medida padronizada
de disparidade de renda.
A melhor maneira de reduzir
essa disparidade se tornou tema de debate intenso, com
muitos observadores afirmando que o crescimento econômico, por si só, representa a melhor maneira de combater a pobreza, ainda que os resultados
sejam desiguais.
Maré alta
Arthur Kroeber, da Dragonomics, uma consultoria de Pequim, disse que a conclusão do
Banco Mundial é "muito significativa", pois demonstra que o
argumento de que "a maré alta
ergue todos os barcos igualmente" não procede.
A queda na renda dos chineses mais pobres não pode ser
explicada com base no declínio
da receita agrícola, já que os
preços dos alimentos mostravam alta em ritmo muito mais
acelerado do que os preços urbanos, em dezembro de 2003.
Ao longo do período de dois
anos que o estudo abarca, a inflação foi baixa e, em um dos
anos, 2002, negativa.
Yasheng Huang, da Escola
Sloan de Administração, disse
que, embora as constatações do
Banco Mundial não o surpreendam, a pobreza na China
poderia ser ainda pior. A definição chinesa da linha de pobreza
subestima as dimensões do
problema, ao considerar como
pobres as pessoas com renda
inferior a 650 yuan ou US$
82,50 ao ano, o que representa
apenas 5% da renda per capita
do país, ante o padrão norte-americano de 12% para o mesmo indicador, diz.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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