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Republicano tentará salvar tratados de comércio
Idéia é aprovar acordos enquanto controle do Congresso é do governo; Colômbia assina acordo que os democratas querem rever
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Na volta do recesso do Congresso dos EUA, na semana do
dia 4 de dezembro, o deputado
republicano Bill Thomas aproveitará as poucas sessões que
restam para apresentar um pacote de leis que aprovam, renovam ou estendem diversos tratados e benefícios comerciais
pendentes. Entre eles está o
Sistema Geral de Preferências
(SGP) e o fast track, que favorecem o Brasil e outros países da
América Latina.
A medida faria parte de outra
mais ampla, que estende isenções de impostos. O texto de
Thomas foi costurado com a
Casa Branca e só depende da
aprovação de Charles Grassley,
seu equivalente no Senado (o
primeiro é o atual presidente
da Comissão do Orçamento da
Câmara; o segundo, do Comitê
de Finanças do Senado). A
idéia, segundo apurou a Folha,
é fazer um ataque preventivo
nos poucos dias em que o Congresso ainda está sob controle
dos republicanos.
A partir de 3 de janeiro, a liderança muda de mãos, e o comando de todos os comitês de
ambas as Casas passa para a
oposição democrata. Esta já
prometeu rever os sistemas de
benefícios e os tratados de livre
comércio existentes, como os
assinados em abril com o Peru
e ontem com a Colômbia, e
aprovar os próximos à luz de
três novos fatores: legislação
trabalhista nos países com que
os acordos foram ou serão firmados; número de empregos
que custaram ou custarão aos
trabalhadores norte-americanos; e impacto no ambiente.
Apesar de contar com o
apoio do presidente George W.
Bush e de sua secretária de Comércio Exterior, Susan
Schwab, o pacote de Thomas
encontra resistência de Grassley, notório opositor da manutenção do Brasil e da Índia no
SGP, mecanismo que foi criado
originalmente para auxiliar
países sem competitividade na
economia mundial. O Brasil
usou o benefício em 15% de
suas exportações aos EUA no
ano passado, ou cerca de US$
3,6 bilhões.
Para que o pacote seja apresentado em conjunto e aprovado mais rapidamente, o provável é que os dois países sejam
excluídos do benefício. Isso facilitaria, mas não garantiria,
sua aprovação ainda neste
Congresso. Os democratas,
mesmo em minoria, contam
com artifícios regimentais para
bombardear a legislação ou
atrasar sua aprovação até o encerramento do ano legislativo.
De qualquer maneira, os tratados que não forem aprovados
ou renovados até 31 de dezembro serão estendidos automaticamente.
TLC com Colômbia
A primeira tarefa do novo
Congresso (ou última deste, caso o pacote de Thomas prevaleça) nesse assunto será o tratado
de livre comércio entre EUA e
Colômbia. Ontem, depois de 22
meses de negociações, o acordo
foi assinado em Washington. O
TLC prevê a redução de tarifas
alfandegárias e cria regras comuns para a proteção da propriedade intelectual e dos investidores. Segundo o presidente colombiano, Alvaro Uribe, criará 380 mil empregos em
seu país nos próximos anos.
Para a Colômbia, permite um
acesso maior ao mercado norte-americano, hoje garantido
pela Lei de Preferências Tarifárias Andinas e Erradicação de
Drogas (ATPDEA), uma das
que vencem até o final do ano,
que inclui ainda Peru, Equador
e Bolívia. Para os EUA, elimina
barreiras à participação de empresas no setor de serviços colombianos e protege a propriedade intelectual dos laboratórios farmacêuticos.
O tratado só entra em vigor
depois de ser aprovado pelo legislativo de ambos os países.
Pela proposta de Thomas, o
atual Congresso tem condições
de fazê-lo ainda neste ano. Pela
vontade dos democratas, a decisão só sairá no ano que vem.
Nesse caso, enfrentará a resistência de Charles Rangel, que
deve assumir a liderança na Comissão do Orçamento.
O representante democrata
de Nova York já disse que pretende rever alguns itens das
proteções trabalhistas que
constam do acordo assinado
ontem. Assessores seus vazaram ainda que o futuro líder defende a exclusão de Equador e
Bolívia do ATPDEA.
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