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EUA cogitaram ataque nuclear "preventivo" a soviéticos
DA REDAÇÃO
Os Estados Unidos planejaram ataques nucleares que
contemplavam a destruição
maciça das populações chinesa
e soviética, revelam documentos secretos do início da década
de 1960, divulgados ontem pelo
Arquivo Nacional. Controverso
dentro do próprio governo, o
plano de 1960 incluía retaliações e "ataques preventivos"-
expressão que se tornaria rotineira no governo George W.
Bush após o 11 de Setembro.
É a primeira vez que o acesso
a planos atômicos operacionais
é liberado nos EUA. Os documentos revelam cisão nos
meios militares. Versões alternativas que poupavam áreas
urbanas e industriais foram incluídas, a pedido do secretário
da Defesa Robert McNamara,
no planejamento que entrou
em vigor em agosto de 1962,
substituindo o original de 1960.
O excesso de radiação a que
seriam expostos os soldados
americanos e os habitantes de
nações aliadas também provocou forte reação, sobretudo da
Marinha e do Exército. O argumento tinha, na década anterior, dissuadido um abertamente discutido bombardeio
unilateral na Guerra da Coréia.
Os documentos retratam o
clima de tensão que antecedeu
a Crise dos Mísseis, em 1962,
um dos momentos mais críticos da Guerra Fria. A presença
de armas nucleares soviéticas
em Cuba, em resposta à ação similar dos norte-americanos na
Turquia, detonou um crise sem
precedentes entre as duas superpotências. Nunca um conflito nuclear generalizado parecera tão iminente. Após treze
dias pré-apocalípticos, Moscou
e Washington anunciaram a retirada das armas.
A partir daí, a hipótese de um
ataque nuclear seria cada vez
mais marginalizada pela comunidade internacional. Sob impacto da crise, os Estados Unidos, a União Soviética e a Grã-Bretanha intensificaram a série
de negociações que culminariam, em 1968, com a assinatura do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Se
paz continuava improvável, a
guerra era impossível -como
resumiu o francês Raymond
Aron.
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