São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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EUA cogitaram ataque nuclear "preventivo" a soviéticos

DA REDAÇÃO

Os Estados Unidos planejaram ataques nucleares que contemplavam a destruição maciça das populações chinesa e soviética, revelam documentos secretos do início da década de 1960, divulgados ontem pelo Arquivo Nacional. Controverso dentro do próprio governo, o plano de 1960 incluía retaliações e "ataques preventivos"- expressão que se tornaria rotineira no governo George W. Bush após o 11 de Setembro.
É a primeira vez que o acesso a planos atômicos operacionais é liberado nos EUA. Os documentos revelam cisão nos meios militares. Versões alternativas que poupavam áreas urbanas e industriais foram incluídas, a pedido do secretário da Defesa Robert McNamara, no planejamento que entrou em vigor em agosto de 1962, substituindo o original de 1960.
O excesso de radiação a que seriam expostos os soldados americanos e os habitantes de nações aliadas também provocou forte reação, sobretudo da Marinha e do Exército. O argumento tinha, na década anterior, dissuadido um abertamente discutido bombardeio unilateral na Guerra da Coréia.
Os documentos retratam o clima de tensão que antecedeu a Crise dos Mísseis, em 1962, um dos momentos mais críticos da Guerra Fria. A presença de armas nucleares soviéticas em Cuba, em resposta à ação similar dos norte-americanos na Turquia, detonou um crise sem precedentes entre as duas superpotências. Nunca um conflito nuclear generalizado parecera tão iminente. Após treze dias pré-apocalípticos, Moscou e Washington anunciaram a retirada das armas.
A partir daí, a hipótese de um ataque nuclear seria cada vez mais marginalizada pela comunidade internacional. Sob impacto da crise, os Estados Unidos, a União Soviética e a Grã-Bretanha intensificaram a série de negociações que culminariam, em 1968, com a assinatura do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Se paz continuava improvável, a guerra era impossível -como resumiu o francês Raymond Aron.


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