São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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Aliados dos EUA sustentam insurgência

Dados apreendidos mostram que maioria dos combatentes estrangeiros no Iraque vem da Arábia Saudita e da Líbia

Documentos foram obtidos em ação militar perto da fronteira noroeste; Síria e Irã originam poucos milicianos, e fluxo geral tem caído

RICHARD A. OPPEL JR.
DO "NEW YORK TIMES", EM BAGDÁ

Arábia Saudita e Líbia, ambos aliados dos EUA em sua guerra contra o terrorismo, são a origem de cerca de 60% dos combatentes estrangeiros que chegaram ao Iraque nos últimos 12 meses para agir como terroristas suicidas ou para facilitar outros ataques. Os documentos também mostram que a insurgência se mantém em larga escala iraquiana e sunita. Os dados, revelados por militares americanos, advêm de documentos e computadores apreendidos em setembro pelos EUA após a invasão de um acampamento no deserto de Sinjar, perto da fronteira síria. O alvo da ação era uma célula vista como responsável pela infiltração no Iraque da maior parte desses combatentes. A descoberta mais significativa foi uma coleção de resumos biográficos que mencionavam as cidades de origem e outros detalhes sobre mais de 700 combatentes trazidos ao Iraque depois de agosto de 2006.
Menos combatentes
Oficiais americanos agora estimam que o influxo de combatentes estrangeiros tenha ficado entre 80 e 110 ao mês no primeiro semestre deste ano e em cerca de 60 ao mês no terceiro. Segundo eles, o número caiu acentuadamente em outubro, para não mais de 40, como resultado do ataque contra o acampamento em Sinjar.
Os sauditas respondem pela maioria dos combatentes registrados nos arquivos, até o momento -305, ou 41%. Os dados mostram que, apesar dos esforços da Arábia Saudita para reprimir potenciais terroristas desde o 11 de Setembro, alguns combatentes do país continuam a chegar ao Iraque. Já os líbios são 18% do total, com 137 militantes, afirmam as fontes americanas.
Segundo os funcionários americanos, que no passado haviam dado apenas estimativas sobre o tema, os documentos de Sinjar são tão detalhados que eles crêem que os padrões e porcentagens revelados ofereçam, pela primeira vez, uma imagem precisa das circunstâncias pessoais dos combatentes estrangeiros no Iraque. O material obtido em Sinjar mostra ainda que 291 combatentes, ou 39%, vieram de países norte-africanos, no período iniciado em agosto de 2006. É uma proporção bem mais alta do que as estimativas anteriores, que apontavam a África do Norte como origem de entre 10% e 13% dos combatentes.
Outro dado surpreendente é o número inferior ao calculado para combatentes vindos de outros países que usualmente são vistos como importantes fontes de militantes: não há libaneses entre os listados, e os sírios são apenas 56, ou 8%. Já o Irã, segundo funcionários americanos, é a origem de somente 11 dos combatentes presos nos centros de detenção operados pelos EUA no Iraque.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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