São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / CRISE ECONÔMICA

Obama anuncia plano para criar empregos

Sem citar valores nem detalhes, presidente eleito promete pacote de estímulo econômico que abrirá 2,5 milhões de vagas em dois anos

Em discurso radiofônico, democrata alerta para risco de deflação e pede que Congresso aprove medidas que sua equipe prepara


DA REDAÇÃO

Em meio à desaceleração da economia americana, o presidente eleito dos EUA, Barack Obama, anunciou ontem em seu programa semanal de rádio que trabalha na criação de um plano agressivo de estímulo econômico para os dois primeiros anos de seu governo. Entre outras coisas, o pacote prevê a abertura de 2,5 milhões de empregos até janeiro de 2011.
"Corremos o risco de cair em uma espiral deflacionária que pode aumentar ainda mais nossa enorme dívida (...) Se não agirmos incisivamente e de forma ressonante, a maioria dos especialistas hoje acredita que poderemos perder outros milhões de empregos", declarou.
Em outubro, o democrata já havia pedido medidas que injetariam na economia US$ 175 bilhões. Mas seu discurso mostra que ele defenderá um pacote bem mais amplo, embora nenhum valor tenha sido citado. Com a crise econômica decorrente do estouro da bolha de crédito, o desemprego no país registra um pico histórico -segundo o Departamento do Trabalho, 540 mil pessoas entraram com novos pedidos por seguro-desemprego na última semana, a maior alta em 16 anos.
Os EUA também vivem um forte temor de deflação -o que pode empurrar a economia de vez para a recessão. O índice americano de preços ao consumidor, divulgado nesta semana, registrou em outubro recuo de 1% -a maior queda mensal desde fevereiro de 1947, quando começou a ser medido. Com a expectativa de mais baixas, o consumidor deixa de comprar, o que por sua vez prejudica a produção e provoca mais deflação, num círculo vicioso.
"Não há forma rápida nem fácil de resolver esta crise, que está sendo burilada há anos e que deve piorar antes de começar a melhorar", disse Obama.
O presidente eleito, que toma posse em 20 de janeiro, afirmou ainda ter instruído sua equipe econômica a trabalhar na proposta de estímulo, que, defende ele, precisa ser rapidamente aprovada em um Congresso de maioria governista.
"Trabalharemos nos detalhes nas próximas semanas, mas será um esforço nacional de dois anos para dar impulso à criação de empregos e fincar as bases de uma economia forte e em crescimento", declarou.
Deputados e senadores democratas já haviam anunciado a intenção de fazer do estímulo econômico prioridade na pauta. Entre outras medidas, é esperada uma redução de impostos para a classe média e uma injeção de verbas em obras de infra-estrutura e nos serviços públicos. As montadoras também negociam um pacote de resgate com o Legislativo, mas a votação travou em detalhes.
Anteontem, a mídia americana anunciou que Timothy Geithner, presidente da unidade de Nova York do Federal Reserve (banco central dos EUA) e visto como pragmático e apartidário, será o próximo secretário do Tesouro. Os mercados financeiros reagiram bem à escolha, que deve ser formalizada nos próximos dias.


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