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ARGENTINA
Presidente nega intenção, mas ele seria alternativa caso não haja nome para derrotar Menem em primárias do PJ
Grupo peronista quer lançar Duhalde como candidato
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
Quando os argentinos saíram
às ruas em dezembro de 2001,
derrubaram um presidente e, aos
gritos, exigiram que todos os dirigentes do país "fossem embora".
A um ano da queda de Fernando
de la Rúa, um governo que deveria apenas preparar terreno até as
próximas eleições planeja ficar no
poder até 2007.
O presidente Eduardo Duhalde
nega que tenha pretensões de se
candidatar ou de ficar no cargo
um dia a mais do que o prometido, mas analistas políticos e dois
secretários de governo dizem que
há um grupo importante de "duhaldistas" que tentam abrir caminho para que ele se candidate.
O presidente trabalha às claras
para derrotar seu maior inimigo
político, o ex-presidente Carlos
Menem (1989-1999). A disputa
política entre os dois paralisou o
cenário eleitoral argentino. As
eleições internas do Partido Justicialista (PJ, peronista) foram
adiadas várias vezes por conta das
discussões entre os grupos de
apoio de Duhalde e os de Menem.
Os duhaldistas tentam adiar ao
máximo as eleições internas. Duhalde espera encontrar um pré-candidato com chances de derrotar Menem. O atual presidente
saiu vitorioso por enquanto e
conseguiu empurrar as eleições
internas para 23 de fevereiro.
O presidenciável ao qual Duhalde gostaria de dar apoio, Carlos
Reutemann, ex-piloto de Fórmula 1 e atual governador da Província de Santa Fé, já anunciou publicamente que não concorrerá, apesar de sempre deixar aberta alguma possibilidade.
Durante a semana passada, a
Folha apurou com dois analistas
políticos e dois secretários de Duhalde que, caso não consiga um
nome forte o suficiente para derrotar Menem nas eleições do PJ, o
grupo duhaldista não descarta a
alternativa de lançar o nome do
próprio presidente.
Segundo um dos secretários, o
grupo faz agora sondagens para
saber o impacto que a candidatura Duhalde teria dentro e fora do
PJ. Hoje, o nome do presidente
não aparece nas pesquisas de intenção de voto.
O empecilho à operação seria a
data das eleições, mas, na Argentina, ninguém se surpreende ante
a hipótese de a eleição não ocorrer
em abril, como programado.
Para que Duhalde possa ser candidato, o ideal seria que as eleições fossem em outubro, como
era previsto até junho deste ano.
Naquele mês, dois manifestantes
foram mortos pela polícia durante uma manifestação de desempregados. Frente a mais uma crise
política num cenário de descontentamento popular alto, o presidente prometeu antecipar as eleições e deixar o poder em maio do
próximo ano.
O adiamento das eleições dependeria de três fatores principais: 1) que o cenário econômico
positivo se confirme nas próximas semanas; 2) que a relativa
"calma social" dos últimos meses
se mantenha e 3) que pesquisas
indiquem boas chances caso Duhalde decida concorrer.
O último fator é considerado
quase certo pelos peronistas, que
avaliam que qualquer candidato
escolhido pelo partido será eleito,
seja em maio ou em outubro.
Mas, por enquanto, a briga interna tem custado votos aos peronistas. Pesquisa divulgada ontem
pelo jornal "La Nacion" mostra
que, no último mês, todos os presidenciáveis peronistas perderam
intenção de votos e que os não-peronistas ganharam espaço.
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