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Pai de refém roga a Uribe que não aborte soltura de seu filho
DA REPORTAGEM LOCAL
O drama do sequestro e morte do governador do departamento de Caquetá se choca
com outra história de dor
acompanhada pela Colômbia: o
calvário do sargento do Exército Pablo Moncayo e do cabo Libio Martínez, cativos das Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) há 12 anos,
completados anteontem.
Em abril, a guerrilha anunciou que liberaria unilateralmente Moncayo e Martínez,
capturado juntos em 1997. Como em outras liberações feitas
em 2008 e 2009, a iniciativa é
parte da tentativa de ganhar alguma simpatia da opinião pública nacional e internacional
para sua proposta de trocar os
demais 21 reféns por cerca de
500 rebeldes presos.
O governo Uribe primeiro
disse que só aceitaria a libertação de todos os cativos -"O
nosso dever moral é com todos
os sequestrados", justificou à
Folha em novembro o alto comissário da Colômbia para a
Paz, Frank Pearl.
Depois, Bogotá acusou mais
uma vez a mediadora, a senadora oposicionista Piedad Córdoba, de tentar armar um show na
liberação. Finalmente, no começo deste mês, o presidente
colombiano deu sinal verde para a operação.
Mas o sequestro de ontem
complicou tudo. Ao se referir
ao episódio, Uribe disse:
"Quem vai acreditar nesses
bandidos? [...] Não esperemos
atos de generosidade desses
bandidos. Resgatemos militarmente nossos sequestrados".
A ordem espalhou medo entre os familiares dos dois e dos
demais 21 sequestrados considerados "estratégicos" para a
guerrilha. Os familiares enviaram carta a Uribe para exigir
que a operação de resgate militar cesse. "Não é justo que justamente no Natal ponham a vida [dos sequestrados] em iminente perigo", escreveram.
O pai de Pablo, Gustavo
Moncayo, urgiu o governo a
manter a palavra sobre a operação de libertação. "É incrível
que o governo ponha condições
para receber um sequestrado.
Isso só se vê na Colômbia. Peço
que o governo não recue outra
vez", disse o professor à reportagem, por telefone.
Moncayo ficou famoso por
suas caminhadas dentro e fora
da Colômbia para pedir a soltura do filho. Caminhou, segundo
contabiliza, 2.668 km até agora.
O "caminhante pela paz" disse ter esperança de que o governo mantenha a palavra sobre a
ação unilateral das Farc. "Não
acredito que Uribe faça isso, seria muito malvisto internacionalmente", ponderou.
Afirmou que a família está
preparando o Natal, num povoado de 35 mil habitantes no
sul da Colômbia, "com muita
esperança em Deus".
Gustavo Moncayo pediu ao
Brasil e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que ajudem na
operação para soltar seu filho
-o Exército brasileiro prestou
auxílio em ação semelhante
que tirou da selva seis reféns
em fevereiro deste ano.
"Temos todos de nos juntar
num único clamor: basta de
sangue, há de haver uma solução política. Eu peço ao Brasil,
ao presidente Lula. Que seja o
Brasil o país que nos dê ajuda
técnica e logística para libertar
os dois [militares]", pediu.
(FLÁVIA MARREIRO)
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