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Banqueiro venezuelano pede asilo aos EUA
Libertado há duas semanas em decisão depois revogada, Eligio Cedeño, acusado de burlar controles de câmbio, fugiu para Miami
Juíza que libertou banqueiro foi presa dois dias depois; episódio ocorre em meio a forte ofensiva de governo Chávez sobre setor bancário
DA REPORTAGEM LOCAL
O banqueiro venezuelano
Eligio Cedeño, cuja liberação
da prisão causou um escândalo
judicial no país há duas semanas, tenta obter asilo político
nos EUA sob alegação de perseguição pelo governo do esquerdista Hugo Chávez.
Cedeño está sob custódia do
setor de imigração dos EUA
desde o último sábado, quando
chegou a Miami. O advogado do
banqueiro, Robert Amsterdam,
disse à Folha que seu cliente se
entregou voluntariamente
-anteontem Chávez afirmara
que Cedeño havia sido preso.
O banqueiro de 45 anos estava preso na Venezuela desde
fevereiro de 2007, sob acusação de burlar controles de câmbio do governo para adquirir
dólares. Começou a ser julgado
em março de 2008, mas recursos interromperam o processo
três meses depois.
No último dia 10, Cedeño recebeu liberdade condicional
-sem direito a sair do país- da
juíza María Lourdes Mora, do
Tribunal de Controle de Caracas. Dois dias depois, a juíza
Mora foi presa e enviada a uma
cadeia para mulheres, acusada
de corrupção, abuso de autoridade, favorecimento para evasão e formação de quadrilha.
Outra juíza emitiu nova ordem
de captura contra Cedeño.
Em discurso televisionado
no dia seguinte, Chávez pediu
pena máxima de 30 anos de
prisão para a magistrada -a
justificativa é que a liberação
do banqueiro foi irregular, por
não ter sido acompanhada pelo
Ministério Público. "[O caso
de] uma juíza que liberta um
criminoso é muito mais sério
do que o próprio criminoso.
Essa juíza tem que pagar pelo
que fez", afirmou o presidente.
Chávez também pediu que
organismos venezuelanos
atuem com rapidez para tentar
a extradição de Cedeño. Ontem, o Ministério Público afirmou não ter informações dos
EUA sobre a situação do banqueiro. "Não há obrigação do
Estado em que ele [Cedeño] se
encontra de extraditá-lo, mas
deveria ser um compromisso
moral", afirmou a chefe do Ministério Público, Luisa Díaz.
"Preso político"
A defesa de Cedeño sustenta
que ele está preso por motivos
políticos, pois Chávez acredita
que o banqueiro tenha dado
ajuda financeira a líderes opositores envolvidos na tentativa
de golpe militar contra ele, em
abril de 2002.
O novo capítulo no caso Cedeño ocorre em meio a uma
ofensiva de Chávez sobre o setor bancário. Nas últimas semanas, Caracas expropriou sete pequenos bancos por acusações de corrupção e gestão
fraudulenta que envolveram
até ex-aliados do presidente.
Ao menos seis banqueiros foram presos.
Para o advogado de Cedeño, a
liberação de seu cliente atrapalha a ofensiva de Chávez sobre
o setor bancário, daí a reação
"histérica e mentirosa" do presidente. "Cedeño livre para discutir essa situação não é o que
Chávez quer." Amsterdam disse esperar que Cedeño seja liberado em breve para seguir,
em liberdade, os trâmites de
seu pedido de asilo.
(THIAGO GUIMARÃES)
Com agências internacionais
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