São Paulo, quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

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EUA ratificam acordo nuclear com Rússia

Novo tratado fixa a redução e a verificação dos arsenais dos dois países, mas ainda permite ogivas estratégicas

Ratificação representa vitória da Casa Branca em uma das últimas votações em Congresso com maioria democrata

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Em outra vitória da Casa Branca ao término do mandato de um Congresso com maioria democrata, o Senado americano ratificou ontem o novo tratado Start, de redução e verificação mútua dos arsenais nucleares de Rússia e EUA.
A ratificação teve 71 votos a favor e 26 contra, com 13 republicanos se unindo ao bloco democrata pela passagem. Foi bem mais do que os dois terços do Senado necessários para aprovação.
O resultado chega após semanas de pressão intensa do governo. O presidente Barack Obama e o vice Joe Biden fizeram inúmeras reuniões com lideranças políticas. Biden foi ao Senado ontem presidir o voto.
O resultado é politicamente importante para Obama ao compor um fim de mandato congressual bem-sucedido para os democratas, pouco após a derrota do partido nas eleições de novembro.
Além do Start, aprovaram um polêmico pacote de impostos e o fim da proibição a gays de servir abertamente nas Forças Armadas.
Houve resistência inicial do Senado por dois fatores: o temor de limites à liberdade dos EUA em planejar sistemas de defesa e o fato de o tratado não abordar armas táticas (de curto alcance), nas quais os russos apostam para compensar deficiências em arsenais convencionais.
Democratas conquistaram apoio de alguns republicanos após concordar com duas emendas que frisam intenções nucleares dos EUA no texto, mas não mudam seus tópicos e não exigem nova negociação.
A Casa Branca se preocupou em destacar que o tratado não afetará os planos americanos para instalação de escudos antimísseis dentro e fora dos EUA -há um planejado para a Europa cujo projeto está em andamento.
Moscou também pressionou. O premiê Vladimir Putin alertou os EUA de que sem o tratado a Rússia poderia aumentar seu arsenal nuclear em vez de diminuí-lo.

PALIATIVO
Apesar de ser uma vitória externa para Obama, o novo Start é um paliativo temporário. Ele substitui o Start-1 (Tratado de Redução de Armas Estratégicas), que venceu há um ano, e reduz em 74% seus limites.
Mas permite até 1.550 ogivas estratégicas a cada país -o suficiente para destruir o mundo várias vezes. A vigência é de dez anos, prorrogáveis por mais cincos.
Não há restrições relativas a mísseis convencionais (não nucleares) de longo alcance ou arsenais nucleares táticos (de alcance limitado).
Steven Pifer, do Instituto Brookings, em Washington, disse à Folha que o novo Start seria o "último acordo fácil" sobre arsenais.
"Quanto mais baixamos os limites, mais ganham importância arsenais táticos, de terceiros países e sistemas de defesa. Negociações que abordem esses pontos serão muito mais complicadas."


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