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Ruanda prende líder rebelde do Congo
Captura de Laurent Nkunda, chefe da insurgência tutsi e aliado ruandês, marca aliança inédita entre nações rivais
Acusados pela ONU de guerrear "por procuração", governos dos dois países lançam operação conjunta para conter insurgentes
DA REDAÇÃO
O Exército de Ruanda capturou o líder rebelde congolês
Laurent Nkunda, seu antigo
aliado, no que aparenta ser uma
ruptura com a insurgência tutsi
na República Democrática do
Congo (antigo Zaire). A prisão
de Nkunda é uma contrapartida ao acordo entre os países rivais para combater grupos hutus remanescentes do genocídio de Ruanda (1994), ainda
atuantes no leste do Congo.
Nkunda foi preso na noite de
anteontem, após escapar do
cerco a Bunagana, bastião dos
rebeldes em Kivu do Norte
(Congo). O Congo pede a extradição do general renegado, que
rompeu com o governo em
2004, e é procurado por massacres de civis e recrutamento de
crianças para a insurgência.
Acusados pela ONU de travar
uma "guerra por procuração",
com apoio a grupos armados no
país rival, o presidente ruandês, Paul Kagame, e o congolês,
Joseph Kabila, iniciaram diálogo no final de 2008.
As tropas de paz da ONU, que
mantém no país sua maior missão, com 19 mil homens, estavam acossadas no leste do Congo, após ofensiva lançada por
Nkunda. Kagame, líder de um
governo de maioria tutsi em
Ruanda, era visto como um representante indireto dos rebeldes e interlocutor crucial para o
fim do conflito.
Rico em minérios e altamente militarizado, o leste do Congo é disputado por rebeldes tutsis, por milícias hutus, pelo governo e por paramilitares locais, organizados em vilarejos.
Tutsis e hutus, etnias minoritárias, se enfrentam na região
desde 1994, quando cerca de
800 mil hutus fugiram para o
Congo após o massacre promovido pelo governo radical e seus
milicianos contra os tutsis e
hutus moderados em Ruanda.
A presença de milícias hutus
foi justificativa para incursões
frequentes de Ruanda, que explorava o subsolo congolês "no
limite da legalidade", segundo o
coronel Jean-Paul Dietrich,
porta-voz militar da missão da
ONU. Devastado há 15 anos por
uma guerra civil que se estima
ter matado mais de 5 milhões,
entre períodos de conflitos
abertos (1996-97 e 1998-2003)
e frágeis cessar-fogo, o Congo é
incapaz de controlar seu território, rico em minérios.
As negociações entre Kinshasa e Kigali, recebidas com ceticismo, culminaram no acordo
que permitiu, nesta semana, a
deflagração da ofensiva militar
conjunta, que envolve 4.000
soldados ruandeses no Congo.
O isolamento diplomático facilitou a captura do chefe da
milícia tutsi, que tem sofrido
crescentes deserções.
Bosco Ntaganda, segundo na
hierarquia rebelde, declarou
lealdade à operação ruando-congolesa. Condenado pelo
Tribunal Penal Internacional
(TPI) por crimes de guerra,
Ntaganda foi consultado por
Kigali antes da ofensiva, segundo fontes ruandesas.
Com agências internacionais
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