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HAITI EM RUÍNAS
Brasil quer "Plano Lula" para reerguer país
Amorim sugere que governo brasileiro lidere reconstrução haitiana e anuncia que ajuda de Brasília dobrará para US$ 30 milhões
Chanceler diz que presença brasileira é de longo prazo enquanto que a americana é passageira, e que liderança regional não é preocupação
LUIS KAWAGUTI
EM PORTO PRÍNCIPE
O chanceler Celso Amorim
sugeriu ontem, durante visita a
Porto Príncipe, que o governo
brasileiro lidere os esforços internacionais para reconstruir o
Haiti, devastado por um terremoto ocorrido há doze dias.
Amorim fez a oferta depois
de ser questionado por um jornalista sobre a possibilidade,
apresentada pelo FMI, de se
adotar para o Haiti um novo
plano Marshall, o programa pilotado pelos EUA que norteou e
financiou a reconstrução de
países europeus devastados pela Segunda Guerra Mundial.
"Por que tem que ser um plano Marshall? Pode ser plano
Lula. Não é só quem dá mais dinheiro, é quem está mais empenhado", disse o ministro em entrevista coletiva na base das
tropas brasileiras que comandam desde 2004 a Minustah
(Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti).
Horas antes da entrevista coletiva, o chanceler anunciara,
ao desembarcar no Haiti, que o
Brasil dobrará a ajuda humanitária de emergência para uma
primeira etapa da reconstrução
do país caribenho. O montante
passaria de US$ 15 milhões para US$ 30 milhões.
Amorim, que não foi recebido pelo presidente René Préval
mas pelo premiê Jean Max Bellerive, disse ainda que os brasileiros ajudarão na formação de
novos funcionários para o governo do Haiti, para substituir
os que morreram na tragédia.
O ministro afirmou que se
tudo o que o Brasil está fazendo
fosse contabilizado -como a
instalação de um hospital de
campanha, a ponte aérea de
voos com água e alimentos e as
ações de distribuição de comida da tropa brasileira- as doações somariam "algumas centenas de milhões de dólares".
A viagem de Amorim ao Haiti
antecede a sua participação em
encontro amanhã em Montreal, Canadá, que visa preparar
uma grande conferencia de países doadores para o Haiti, que
deve acontecer em data e local
ainda indefinidos.
"A melhor maneira de fazer é
dar o exemplo. O Brasil, que
não e um pais rico, desde o primeiro momento fez uma oferta
significativa. Nós estamos dando o bom exemplo e as doações
estão aumentando", disse, em
tom de cobrança às potências.
Amorim procurou minimizar as divergências com os EUA
acerca dos esforços de ajuda ao
Haiti. O ministro e o general
Floriano Peixoto, comandante
militar da Minustah, alegaram
que existe "harmonia" entre as
tropas dos dois países. Segundo
Peixoto, os EUA são responsáveis pela ajuda humanitária e o
Brasil, pela segurança.
O chanceler deixou clara sua
visão sobre os respectivos papeis de Brasília e Washington
no Haiti. "A nossa presença
aqui é de longo prazo, e a das
forças americanas é passageira", disse Amorim.
Um dia após o Brasil ter promovido um grande evento midiático de distribuição de alimentos para os haitianos desabrigados, ele disse que Brasil
"não está preocupado com a liderança regional, mas sim em
ajudar o Haiti, com respeito aos
mandatos internacionais e com
respeito ao governo do Haiti".
Colaborou FÁBIO ZANINI, em Porto Príncipe
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