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República Dominicana vira rota de repatriados
EM SANTO DOMINGO (REPÚBLICA
DOMINICANA) E PORTO PRÍNCIPE
Sem notícias de parentes e
amigos, centenas de haitianos
que estavam fora do país estão
retornando para ajudar as suas
famílias. A principal rota de entrada é a linha de ônibus, restabelecida há poucos dias, a partir
da República Dominicana.
Um movimento anormal de
haitianos já é visto no aeroporto das Américas, em Santo Domingo. Sem voos diretos para
seu país, haitianos que vivem
nos EUA e outros países do Caribe estão desembarcando pela
primeira vez na nação vizinha.
A maioria procura rodoviárias privadas de onde partem
ônibus que percorrem o trajeto
em cerca de oito horas. O serviço foi restabelecido no último
sábado. Nas filas de embarque
dos coletivos, as bagagens mais
comuns são sacos de arroz de
30 quilos, produtos de limpeza
e enlatados de todos os tipos.
Cial Sovenson Garçon, 32, é
funcionário da empresa de cruzeiros Royal Caribbean. Ele
soube do terremoto ao assistir
à TV no navio em que trabalha
como faxineiro. Desembarcou
no porto da empresa em Labadee, norte do Haiti, e seguiu para a República Dominicana.
"É muito perigoso chegar a
Porto Príncipe pelas estradas
que vêm do norte do país, há
muitos bandidos. Por isso eu
aluguei um carro até Santo Domingo e peguei o ônibus para
Porto Príncipe. O problema é
que até agora não sei como estão minha mulher e minha filha, que só tem um ano", disse.
Na fronteira, o Exército dominicano recebeu reforço de
800 homens, o que acalmou a
tensão provocada por ondas de
haitianos que tentavam fugir
para o país vizinho. Mas a fronteira continua lotada. Do lado
dominicano, além dos ônibus, é
possível ver famílias inteiras
retornando ao país de carro.
Elas formam longas filas na
imigração junto a veículos de
organizações não governamentais carregados de ajuda humanitária e ônibus.
Do lado haitiano também há
filas para atravessar a fronteira.
Haitianos buscam comida num
mercado a céu aberto e precário à beira do lago Azueie. Não
há conflito aparente entre haitianos e militares dominicanos.
Segundo uma autoridade de
fronteira, muitos haitianos tentam cruzar a divisa com crianças sem nenhum documento
de identificação e são barrados.
Na fronteira também é possível achar estrangeiros em busca de funcionários de ONGs desaparecidos. "A minha organização tinha quatro escolas que
atendiam 5.000 haitianos. Vim
tirar fotos e saber o que aconteceu com as pessoas que trabalhavam lá", disse o americano
Jim Harris, que viajava em um
ônibus para Porto Príncipe.
Na capital, o ônibus com os
haitianos e estrangeiros desembarca em Pétionville, onde
familiares e amigos esperam
parentes repatriados. Além da
comida, trazem dinheiro, uma
vez que o sistema de remessas
bancárias internacionais não
foi restabelecido. É o caso de
Garçon, que ganha pouco mais
de US$ 500 por mês trabalhando no exterior. "Tenho de ajudar a minha família."
(LK)
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