|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRANSIÇÃO EM CUBA / RELAÇÃO COM O BRASIL
Sob Lula, Brasília aprofunda cooperação com Havana
Desde 2003, quando subiu ao poder, Lula firmou 32 atos diplomáticos com Cuba
Durante década de 1990, parcerias eram em educação e de saúde; governo atual incluiu siderurgia, pecuária, microempresas e internet
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A aproximação do governo
de Luiz Inácio Lula da Silva
com a ditadura de Fidel Castro
não se resume ao plano das
idéias: o petista foi responsável
pelo aprofundamento nas relações dos dois países.
Desde que chegou ao Palácio
do Planalto, em janeiro de
2003, Lula firmou 32 atos diplomáticos, sem contar acordos fechados pela Petrobras.
De 1986, quando o Brasil e
Cuba reataram relações diplomáticas, a 2003, foram 26 atos
diplomáticos, um termo genérico que engloba acordos, protocolos e tratados, entre outros.
Com Lula, o leque de assuntos e
parcerias também aumentou.
Cada ato assinado representa
envolvimento institucional
brasileiro e cubano. Na maioria
das vezes, há previsão de viagens e encontros técnicos.
São exemplos os acordos firmados pela Petrobras com a
Cupet (Companhia Cubana de
Petróleo) no mês passado, com
o objetivo de construir uma fábrica de lubrificantes, além de
parceria em exploração e produção de petróleo.
Entre os acordos de maior relevância política assinados por
Lula estão as regras para o pagamento da dívida cubana com
o Brasil, calculada em junho de
2003 em cerca de 42 milhões.
A dívida vem sendo paga, mas
seu valor atual não é divulgado
pelo Banco do Brasil, que alega
"sigilo comercial".
Segundo a assessoria de imprensa do Itamaraty, o programa de cooperação técnica Brasil-Cuba, que completou dez
anos em 2007, é considerado
um exemplo de cooperação entre países emergentes.
Essa chamada aproximação
Sul-Sul é um dos pilares da política externa de Lula, que recebe críticas por, supostamente,
virar as costas para economias
tradicionais, como os Estados
Unidos. O Itamaraty discorda.
Se, na década de 1990, a ligação com os cubanos englobava
basicamente ações educacionais e de saúde, a gestão de Lula incluiu micro e pequenas
empresas, siderurgia, pecuária
e internet entre os temas de
cooperação bilateral.
No ano passado, o Serpro
(Serviço Federal de Processamento de Dados) instalou três
telecentros brasileiros em Havana, por meio dos quais mais
de 5.000 cubanos passaram a
acessar a internet.
Há ainda projetos de capacitação e treinamento. Enquanto
o Brasil exporta a "expertise"
em econometria (descrição de
relações econômicas por meio
de modelos matemáticos) para
o Banco Central cubano, Havana envia técnicos ao Brasil para
troca de informações de estomatologia (ramo da medicina
que estuda a boca).
Na área educacional, há uma
polêmica histórica envolvendo
a validação dos diplomas de
medicina obtidos por estudantes brasileiros em Havana. Depois de assinado o acordo, o
texto ainda aguarda votações
no Congresso brasileiro.
Outro projeto em vigor tenta
criar no Brasil bovinos da raça
Siboney, desenvolvida em Cuba. Os testes serão feitos até dezembro deste ano em assentamentos de sem-terra em Goiás
e Minas Gerais.
Ainda na pecuária, a vacina
cubana Gavac vem sendo aplicada no Rio de Janeiro para eliminação de carrapatos.
Na área de meio ambiente, o
intercâmbio vem aumentando.
O Brasil fornece técnicas de
preservação, gerenciamento de
recursos hídricos e ainda trabalha para a recuperação ambiental da região afetada pela
mina cubana El Cobre.
Texto Anterior: Pequim investe em parceria com a ilha Próximo Texto: Artigo: Fidel diz que OEA é "lixeira" e rejeita adesão Índice
|