São Paulo, domingo, 24 de fevereiro de 2008

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EUA buscam ajustes com Austrália

Em Canberra, secretários abordaram intenção do premiê Rudd de retirar tropas do Iraque e Afeganistão

Novo governo, que afirmara querer diminuir influência de Washington, anunciou revisão de acordo de compra de 24 caças do governo Bush

DA ASSOCIATED PRESS

A fim de aparar arestas com o novo governo em Canberra, o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, e o subsecretário de Estado, John Negroponte, realizaram ontem um encontro de sete horas com seus colegas australianos na capital do país.
Gates e Negroponte lideravam a maior delegação norte-americana a visitar a Austrália desde que foi eleito o novo governo trabalhista -encabeçado pelo primeiro-ministro Kevin Rudd-, em novembro passado.
Rudd havia dito que iria retirar as forças australianas do Iraque, além de tornar a política externa do país mais independente dos EUA.
O ministro da Defesa australiano, Joel Fitzgibbon, disse que a recente afirmação do governo do Canadá de que irá retirar seus 2.500 soldados do conturbado sul do Afeganistão porque outros países não contribuem o suficiente com os combates foi um dos temas discutidos no encontro.
"Deixamos muito, muito claro que nosso compromisso no Afeganistão é de longa duração", afirmou, referindo-se aos cerca de mil soldados que a Austrália mantém no sul do país. Ele disse que não estabelecerá um prazo para a retirada.

Contemporização
Gates declarou não estar preocupado com a possibilidade de o novo governo australiano reduzir suas forças no país.
"Realizei dois encontros com o ministro da Defesa sobre esse assunto e não tive nenhuma indicação de alguma mudança de direção no que diz respeito ao Afeganistão", afirmou.
Em meados deste ano, Canberra planeja retirar 550 soldados que mantém no Iraque. O governo anterior enviara 2.000 soldados para apoiar a coalizão liderada pelos EUA durante a invasão do Iraque.
Antes do encontro de ontem, tanto Gates quanto Fitzgibbon tentaram reduzir o potencial conflito em torno da questão.
Gates disse que a coalizão valoriza o papel que a Austrália exerceu nos combates. Já Fitzgibbon afirmou que a mudança de governo no país não modificou a confiança dos norte-americanos em seu aliado-chave.
Os EUA têm cerca de 155 mil soldados no Iraque, e a Austrália tem 1.540, distribuídos entre Exército, Marinha e Aeronáutica.
Contudo, apesar da retórica mútua, Fitzgibbon anunciou na semana passada a revisão de uma decisão tomada pelo governo anterior de assinar um contrato de US$ 5,5 bilhões para a compra de 24 caças norte-americanos.


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