São Paulo, terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

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Desgastado, ministro espanhol se demite

Mariano Bermejo, da Justiça, saiu em viagem com o juiz Baltasar Garzón, que investiga a oposição

DA REDAÇÃO

O governo do esquerdista José Luis Rodríguez Zapatero, na Espanha, enfrentou ontem a primeira demissão de um ministro no atual mandato: Mariano Fernández Bermejo, titular da Justiça, deixou o cargo após receber duras críticas por ter participado de uma viagem de caça com o juiz Baltasar Garzón, que investiga uma rede de corrupção envolvendo o partido de oposição, o direitista Partido Popular (PP).
Bermejo foi acusado pela oposição de tentar influenciar o trabalho da Justiça, em meio a uma forte crise econômica na Espanha e a poucos dias das eleições regionais na Galícia e no País Basco, em que o socialista PSOE (de Zapatero) e o PP estão empatados nas pesquisas.
A viagem de caça na Andaluzia, em 7 e 8 de fevereiro, causou profundo mal-estar no PSOE. Um detalhe: o ex-ministro não tinha permissão para caçar na região. O já enfraquecido Bermejo também enfrentou, na semana passada, a primeira greve de juízes da história espanhola. Esses fatores foram vistos como determinantes para seu desgaste e seu pedido de demissão, aceito por Zapatero.
"Não vou tolerar que os acontecimentos sejam usados contra o PSOE", disse Bermejo ao justificar sua renúncia, agregando que a viagem com Garzón foi uma coincidência. Ele reassumirá como deputado e será substituído na pasta da Justiça por Francisco Caamaño, secretário de Estado de Relacionamento com as Cortes.

Investigação
Baltasar Garzón, integrante da Audiência Nacional da Espanha -que investiga crimes internacionais e é a principal instância penal espanhola-, comanda uma investigação que já atingiu 37 pessoas, incluindo o presidente da Comunidade Valenciana, Francisco Camps, do PP, e legisladores do partido. Três acusados foram presos, sob suspeita de lavagem de dinheiro, fraude, corrupção e tráfico de influência.
O caso envolve prefeituras na região de Madri (centro) e Valência (leste), que, em troca de suborno, são acusadas de favorecer empresas em contratos. Investiga-se também um escândalo de espionagem dentro do governo regional madrilenho, comandado pelo PP.
Acuado, o partido usou a viagem de caça para pedir que o governo garantisse "a imparcialidade dos juízes", nas palavras de Mariano Rajoy, presidente do PP e principal adversário político de Zapatero.


Com agências internacionais


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