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Desgastado, ministro espanhol se demite
Mariano Bermejo, da Justiça, saiu em viagem com o juiz Baltasar Garzón, que investiga a oposição
DA REDAÇÃO
O governo do esquerdista José Luis Rodríguez Zapatero, na
Espanha, enfrentou ontem a
primeira demissão de um ministro no atual mandato: Mariano Fernández Bermejo, titular da Justiça, deixou o cargo
após receber duras críticas por
ter participado de uma viagem
de caça com o juiz Baltasar Garzón, que investiga uma rede de
corrupção envolvendo o partido de oposição, o direitista Partido Popular (PP).
Bermejo foi acusado pela
oposição de tentar influenciar
o trabalho da Justiça, em meio
a uma forte crise econômica na
Espanha e a poucos dias das
eleições regionais na Galícia e
no País Basco, em que o socialista PSOE (de Zapatero) e o PP
estão empatados nas pesquisas.
A viagem de caça na Andaluzia, em 7 e 8 de fevereiro, causou profundo mal-estar no
PSOE. Um detalhe: o ex-ministro não tinha permissão para
caçar na região. O já enfraquecido Bermejo também enfrentou, na semana passada, a primeira greve de juízes da história espanhola. Esses fatores foram vistos como determinantes para seu desgaste e seu pedido de demissão, aceito por
Zapatero.
"Não vou tolerar que os acontecimentos sejam usados contra o PSOE", disse Bermejo ao
justificar sua renúncia, agregando que a viagem com Garzón foi uma coincidência. Ele
reassumirá como deputado e
será substituído na pasta da
Justiça por Francisco Caamaño, secretário de Estado de Relacionamento com as Cortes.
Investigação
Baltasar Garzón, integrante
da Audiência Nacional da Espanha -que investiga crimes internacionais e é a principal instância penal espanhola-, comanda uma investigação que já
atingiu 37 pessoas, incluindo o
presidente da Comunidade Valenciana, Francisco Camps, do
PP, e legisladores do partido.
Três acusados foram presos,
sob suspeita de lavagem de dinheiro, fraude, corrupção e tráfico de influência.
O caso envolve prefeituras na
região de Madri (centro) e Valência (leste), que, em troca de
suborno, são acusadas de favorecer empresas em contratos.
Investiga-se também um escândalo de espionagem dentro
do governo regional madrilenho, comandado pelo PP.
Acuado, o partido usou a viagem de caça para pedir que o
governo garantisse "a imparcialidade dos juízes", nas palavras de Mariano Rajoy, presidente do PP e principal adversário político de Zapatero.
Com agências internacionais
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