São Paulo, terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

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Alvo de saques durante invasão dos EUA, Museu Nacional do Iraque reabre

DA REDAÇÃO

Seis anos depois de ter sido saqueado e perdido muito de seu acervo -num dos maiores crimes já registrados contra o patrimônio museológico mundial-, o Museu Nacional do Iraque reabriu ontem suas portas, parcialmente recuperado. Poderá ser visitado pelo público a partir de hoje, mas só em tours restritos.
O museu, que abrigava antiguidades datando ao menos 5.000 anos -remetendo, por exemplo, às civilizações babilônica e assíria-, foi fechado após a invasão americana no Iraque, em 2003. Mas isso não impediu que fosse alvo de bandos armados.
O local tinha uma das maiores coleções de objetos históricos do mundo, que em grande parte caiu no mercado negro artístico para supostamente financiar terroristas da Al Qaeda e milícias xiitas contrárias aos EUA.
De 15 mil peças roubadas, cerca de 8.500 foram recuperadas -algumas devolvidas por países da região, como Egito, Síria e Jordânia. O resto segue desaparecido, segundo a Unesco, agência da ONU para a educação e a cultura.
Os saques fomentaram críticas mundiais à estratégia de Washington no Iraque e à insegurança no país na era pós-Saddam Hussein.
Ontem, alguns dos objetos mais valiosos já estavam à mostra no museu, incluindo estátuas babilônicas e assírias de 2.000 anos de idade. Os visitantes -imprensa e autoridades- viram também fotos do museu à época dos saques: estátuas ficaram sem cabeça e cerâmicas mesopotâmicas foram destroçadas.

Reforma
Parte do acervo recuperado seguia guardada por falta de espaço, já que só 8 das 23 alas do museu foram reformadas, segundo Abdul-Zahra al Talqani, diretor do escritório de turismo e arqueologia do Iraque. Ele diz que aguarda mais verbas governamentais para finalizar a recuperação.
O premiê iraquiano, Nuri al Maliki, aliado de Washington, disse que a reinauguração do museu é um marco no lento retorno de Bagdá à normalidade -a violência sectária vem dando os primeiros e frágeis sinais de trégua no país, após anos de derramamento de sangue.
"Foi uma era das trevas pela qual o Iraque passou", disse Maliki, enquanto passeava pelo museu, reaberto em cerimônia de gala no centro de Bagdá. "Este pedaço da civilização já teve a sua quota de destruição."
Bagdá também quer usar o museu para atrair turismo, e recebeu US$ 13 milhões de Washington para restaurá-lo.
"Queremos que o mundo venha ver que Bagdá não se transformou nas ruínas, como desejava o inimigo", disse o ministro de Turismo, Qahtan al Jibouri.


Com agências internacionais


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