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Países criam organização regional sem EUA
ENVIADOS ESPECIAIS A CANCÚN
Marcada pelo bate-boca entre os presidentes Hugo Chávez
(Venezuela) e Álvaro Uribe
(Colômbia), a Calc (Cúpula da
Unidade da América Latina e
do Caribe) terminou ontem
com o esperado anúncio da nova entidade regional, batizada
de Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos,
e com apoio à Argentina na disputa com o Reino Unido em
torno da prospecção de petróleo próxomo às ilhas Malvinas.
Chefes de Estados e representantes diplomáticos de 32
países da região subscreveram
a constituição da Comunidade
de Estados Latino-Americanos
e Caribenhos (Celac). Só Honduras ficou fora, já que diversos
países presentes, incluindo o
Brasil, não reconhecem o governo eleito após o golpe contra
Manuel Zelaya, em junho.
O batismo da organização foi
uma vitória brasileira sobre a
proposta mexicana, que preferia "união" no lugar de "comunidade". Segundo México, o nome Celac ainda é provisório,
mas o Itamaraty avalia que já
não haverá mudanças.
A declaração não detalha a
estrutura da nova organização,
embora o tema esteja em discussão desde 2008, quando o
Brasil sediou a primeira cúpula
exclusivamente regional, sem
presença dos EUA e do Canadá.
A expectativa é que o processo
termine até 2011, quando a Venezuela sediará a próxima Calc.
Após a reunião, em entrevista, Lula disse ter entendido como "brincadeira" a proposta de
Chávez para que ele assuma a
liderança do bloco em 2011. Em
momento de pouca modéstia,
afirmou que o secretário não
pode ser um dirigente "mais
forte que os presidentes".
O brasileiro disse ainda que
seria "ingênuo" ver na Celac
uma forma de excluir os EUA.
"Ninguém é ingênuo de criar
uma ruptura com os EUA ou a
União Europeia. Queremos
manter essa boa relação e ter
espaço de discussão entre nós."
A cúpula também aprovou
um "comunicado especial" sobre a prospecção de petróleo
nas ilhas Malvinas por parte de
uma empresa britânica. O texto
exorta o Reino Unido a respeitar resolução da Assembleia
Geral da ONU, que recomenda
aos dois países não tomarem
decisões unilaterais enquanto a
disputa não estiver resolvida.
Foi anunciada ainda a criação do Grupo de Países Amigos
de Venezuela e Colômbia, que
será liderado pelo presidente
da República Dominicana, Leonel Fernández, com a participação de Brasil e México. Anteontem, durante o almoço oficial, Uribe acusou Chávez de
promover um "bloqueio comercial" contra a Colômbia nos
moldes do embargo americano
a Cuba. O venezuelano mandou
o colega "ir pro caralho".
A crise diplomática entre
ambos se arrasta desde meados
do ano passado, quando Chávez
congelou as relações bilaterais
em represália ao acordo que
amplia a presença militar americana na Colômbia.
Lula defende visita ao Irã
Em entrevista após o encontro, Lula falou ainda sobre sua
visita ao Irã, programada para
maio. Disse que está sendo tratada como um "escândalo", em
meio às controvérsias sobre o
programa nuclear do país.
"O Brasil acha que [o Irã] não
pode ficar encurralado, isolado.
É preciso construir oportunidade de paz no mundo e isso
significa conversar, estabelecer
relação mais plural. Não se
constrói paz no mundo isolando ninguém", disse.
(FM e SI)
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