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Analistas da CIA denunciam pressão do governo Bush
JAMES RISEN
DO "THE NEW YORK TIMES"
A recente revelação de que os
relatórios indicando que o Iraque
tentou comprar urânio de Níger
se baseiam em parte de documentos forjados renovou reclamações
de analistas da CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos)
contra a forma com que o órgão
tem sido conduzido, informaram
diversos funcionários da central
de inteligência.
Alguns analistas da agência afirmaram que eles se sentiram pressionados a fazer relatórios sobre o
Iraque adequados à política do
governo do presidente dos EUA,
George W. Bush.
Durante meses, alguns analistas
da CIA têm reservadamente expressado preocupações a colegas
e parlamentares do Congresso sobre pressões que sofreram, ao escrever relatórios para que fossem
enfatizadas as ligações entre o governo do ditador iraquiano, Saddam Hussein, e a Al Qaeda, rede
terrorista liderada pelo saudita
Osama Bin Laden.
Quando a Casa Branca argumentou que as ligações entre Saddam e a Al Qaeda justificavam
uma ação militar contra o Iraque,
esses analistas reclamaram que os
relatórios sobre o Iraque atraíram
interesse incomum de altos funcionários do governo Bush.
"Vários analistas estão incomodados sobre a forma com que o
caso Iraque-Al Qaeda está sendo
conduzido", disse um funcionário da CIA que tem acompanhado
o debate.
A discussão ganhou novo fôlego
depois da revelação feita duas semanas atrás pelo diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed El Baradei, de
que a suposta tentativa pelo Iraque de comprar urânio de Níger
se fundamentou em parte em documentos falsos. A suposta negociação havia sido citada em público por Bush.
"A falsificação aumentou a sensação dos analistas que eles estavam ficando constrangidos pela
forma com que a atuação do serviço de inteligência sobre o Iraque
tem sido tratada", disse um funcionário do governo, que afirma
ter mantido conversas com analistas da CIA sobre o assunto.
Os documentos falsos não foram criados pela CIA nem por nenhum outro órgão do governo
americano, mas os funcionários
da CIA sempre suspeitaram dos
documentos, segundos os próprios analistas. Mesmo assim, essas informações acabaram sendo
divulgadas publicamente pelo
presidente americano.
Funcionários da CIA disseram
que havia outras informações,
avaliadas como críveis, que levantavam suspeitas sobre uma possível conexão de venda de urânio
entre Níger e Iraque.
Alguns analistas confidenciaram a colegas que eles estão se
sentindo tão frustrados a ponto
de cogitar a saída da CIA.
Um alto funcionário da CIA informou que nenhum analista pediu o desligamento da agência até
agora em protesto à atuação sobre
o Iraque. No Departamento de
Estado, no entanto, três funcionários do serviço estrangeiro pediram demissão por ser contrários à
política de Bush.
O alto funcionário disse que alguns analistas estão frustrados
por frequentemente serem obrigados a responder várias vezes às
mesmas perguntas, feitas por altos funcionários do governo, a
respeito dos relatórios de inteligência sobre o Iraque. Muitas dessas perguntas são a respeito das
fontes de informação.
Ele nega que os analistas estejam sendo pressionados a mudar
o conteúdo de suas conclusões.
"Há uma sensação de sobrecarga
de trabalho. Mas os analistas
compreendem o porquê de as
pessoas perguntarem tanto e a razão pela qual os formuladores de
políticas não aceitam um relatório integralmente".
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