UOL


São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMENTÁRIO

Em busca das armas proibidas


Apesar da irritação de Bush com os inspetores da ONU, eles são um grupo de especialistas com importante conhecimento, o qual deve ser usado o mais rápido possível.


DO "THE NEW YORK TIMES"

O EUA não serão capazes de declarar vitória contra o Iraque antes de capturar depósitos escondidos de armas não-convencionais, ingredientes para fabricá-las e a rede de cientistas capaz de produzi-las. Trata-se de um desafio a longo prazo. Nos próximos dias e semanas, no entanto, os comandantes americanos enfrentam uma tarefa urgente: assegurar que nenhuma fração desse arsenal seja contrabandeado para grupos terroristas ou para os países vizinhos Síria e Irã.
Não é uma missão fácil. Componentes de qualquer tipo de armas não-convencionais que o Iraque supostamente possui podem ser transportados em formas compactas, escondidas em meio de levas de refugiados cruzando milhares de quilômetros de fronteiras. Agentes biológicos podem ser carregados dentro de um bolso de camisa. Gases que atuam no sistema nervoso podem ser convertidos em um tipo de pó semelhante a talco.
Washington acreditava que sabia onde menos de um terço desse material estava quando a guerra começou. Há bastante informação sobre a identidade dos principais cientistas de guerra iraquianos, mas pouco se sabe respeito de engenheiros que ocupam cargos intermediários e funcionários de segurança.
Alguns especialistas acreditam que, para evitar ser detectado, o Iraque pode ter ficado apenas com estoques de semente, meios de cultivo e conhecimento técnico para retomar a produção rapidamente. Esses ingredientes básicos provavelmente estão escondidos em lugares conhecidos apenas para um seleto grupo de cientistas e altos funcionários leais ao presidente Saddam Hussein.
Isso significa que as principais ferramentas para rastrear as armas escondidas do Iraque devem incluir ofertas de prêmios financeiros a iraquianos comuns e uma oferta pragmática e aberta de barganha com cientistas e oficiais de segurança iraquianos.
Apesar de anos de inspeção, pode-se apenas especular sobre o estágio atual dos programas armamentistas iraquianos. A maioria das projeções se baseia no que se sabia sobre o Iraque antes do início da Guerra do Golfo, em 91. Partindo desse pressuposto, acredita-se que o Iraque tenha quantidades significativas e agentes biológicos extremamente letais, como antraz e a toxina que provoca botulismo, além de grandes estoques de armas químicas, principalmente os gases VX e mostarda. Quase todos os especialistas acreditam que o programa nuclear foi eliminado.
Será necessário encontrar novos postos de trabalho para cientistas de guerra iraquianos, que, do contrário, podem ser seduzidos a vender seu conhecimento para outros patrões, incluindo aí grupos terroristas. Os EUA devem ajudar a preparar centros científicos como aqueles que hoje empregam ex-cientistas soviéticos.
Inspeções e monitoramento contínuo serão necessários durante vários anos. Apesar da irritação do governo do presidente George W. Bush com os inspetores da ONU, eles são um grupo de especialistas com importante conhecimento, o qual deve ser usado o mais rápido possível.
Bush declarou que um de seus principais objetivos é manter armas não-convencionais longe das mãos de terroristas internacionais. Esse objetivo deve nortear as ações americanas agora e durante muitos anos por vir.


Texto Anterior: Analistas da CIA denunciam pressão do governo Bush
Próximo Texto: Notas da guerra - Made in Israel: Iraque acusa Israel de envolvimento na guerra
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.