|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Americanos pró-guerra reagem a protestos pacifistas
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
"O que a guerra já trouxe de
bom?", perguntava ontem a inscrição de um cartaz nas mãos de
uma mulher em Times Square,
uma dos pontos mais famosos de
Nova York. A resposta, na mesma
cartolina: "O fim da escravidão,
do nazismo e do fascismo".
Um dia depois da marcha que
levou mais de 100 mil pessoas às
ruas para protestar contra a guerra, um bloco de 2.000 pessoas fizeram barulho ontem em Manhattan para mostrar que nem todos
pensam como os pacifistas.
Os pró-guerra, na verdade, são
maioria entre os americanos, 7
em cada 10, como mostram as
pesquisas. Mas na hora de fazer
barulho, quem melhor põe a tropa nas ruas são os que pensam o
contrário deles. "Os pacifistas são
apenas mais organizados", afirma
o enfermeiro Mike Cornuy, 48.
Bandeiras americanas à mão e
aos gritos de "USA, USA", o bloco
pró-guerra demarcou ao menos
duas diferenças importantes ontem em relação ao ato pacifista de
anteontem.
Uma estava na faixa etária dos
manifestantes, claramente superior à média do dia anterior. Outra no modo como tomaram conhecimento da manifestação. O
rádio, não a internet, foi o meio
mais comum para agregá-los.
Nenhuma pessoa ouvida pela
Folha soube apontar quem organizou a manifestação. No protesto de Times Square, era a entidade
"Tri-State New York Chapter".
Outra manifestação semelhante
ontem, em Staten Island, distrito
nova-iorquino, teve um congressista à frente.
"Poderíamos ter mais gente se
fôssemos mais organizados", diz
o aposentado Paul Strernlitz, 58,
crítico radical do movimento pacifista: "É um movimento anti-Bush e de ódio à América".
A disputa política a respeito da
imagem do presidente George W.
Bush, aliás, é fixação para o movimento pró-guerra. Uma menina
usava um adesivo onde se lia "Eu
amo Bush". Para Stephany Duncan, 51, o presidente americano
"tentou mostrar que não é um
cowboy, que é uma pessoa séria,
mas chegou à conclusão que teria
que agir de acordo com o papel de
líder que ele tem".
Dois argumentos prevaleciam
entre os manifestantes em defesa
da guerra. Por um lado, dizem
que estão com medo do terrorismo nos EUA e é preciso combatê-lo. Por outro lado, falam em "libertar" os iraquianos.
Embora uma parte ressalte
achar que os pacifistas têm o direito de se manifestar, sobram críticas a eles. "O chamado movimento pacifista é comandado pelas mesmas pessoas que simpatizavam com os inimigos totalitários dos EUA durante a Guerra
Fria", dizia um manifesto distribuído no ato. "Eles são contra a
violência, mas praticam a violência", criticou Gilbert Camalleri,
64, numa referência aos confrontos de pacifistas e policiais.
Mas, na metralhadora dos americanos que apóiam a guerra, sobra munição mais específica.
Para os franceses, por exemplo,
como nos cartazes "Chirac é um
verme" ou "Vinho francês é feito
de sangue de galinha", erguidos
ontem pelos manifestantes.
Texto Anterior: Mundo vê quarto dia de protestos Próximo Texto: Explode audiência de sites noticiosos Índice
|