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FRANÇA
Após novas manifestações reunirem 220 mil, sindicatos esperam que premiê francês faça concessões em lei trabalhista
Diante de protestos, Villepin aceita negociar
DA REDAÇÃO
Enquanto 220 mil estudantes
saíam ontem novamente em passeata em Paris e em 30 cidades
francesas -são números do Ministério do Interior-, representantes das cinco maiores confederações sindicais aceitaram o convite do primeiro-ministro Dominique de Villepin para discutir,
hoje à tarde, a controvertida lei do
primeiro emprego.
Na capital, cerca de 60 pessoas
ficaram feridas, e 141 foram detidas. Atos de vandalismo eclodiram também em Marselha e em
Rennes. Os chamados bagunceiros ("casseurs"), marchando fora
dos cordões de segurança dos manifestantes, agrediram fotógrafos
e estudantes e entraram em confronto com policiais.
Villepin enviou pela manhã carta aos sindicalistas convidando-os
à abertura de um diálogo, que foi
de imediato aceito. Na carta, redigida de modo firme e elegante, ele
lembra que governos e sindicatos
têm a mesma preocupação com o
desemprego dos jovens.
O encontro de hoje no palácio
Matignon, sede da chefia do governo francês, será precedido de
consultas entre os sindicalistas e
lideranças estudantis.
A lei que vem sendo contestada
ainda não foi promulgada. Ela facilita a contratação experimental
de recém-formados por um período de 24 meses, com menores
encargos e sem alguns direitos
trabalhistas. Os jovens podem ser
demitidos sem justificativa.
Os sindicatos não têm procuração dos cerca de 450 líderes estudantis, que atuam de modo inorgânico desde o início dos protestos, há duas semanas. As três associações de universitários e as
duas de secundaristas representam apenas uma parcela da mobilização, orientada sobretudo por
redes horizontais que se mobilizam por meio da internet.
Mesmo assim, os sindicalistas a
serem recebidos pelo premiê publicaram comunicado conjunto
em que exigem "a retirada da lei
do primeiro emprego antes de
qualquer negociação".
Observadores acreditam que o
governo, diante de interlocutores
institucionais, poderá anunciar
concessões que esvaziem a "jornada de ação" da próxima terça-feira, que prevê novos protestos e
greves em serviços públicos estatais, como trens e metrôs. Não se
fala na França em greve geral.
François Chérèque, líder da
CFDT, confederação próxima dos
socialistas, disse esperar que Villepin anuncie até que ponto pretende recuar. Bernard Thibault,
da CGT, próxima dos comunistas, disse que o momento era de
excepcional unidade. As confederações sindicais têm em geral
grandes divergências.
A passeata de Paris, da praça da
Itália à Esplanada dos Inválidos,
onde se situa a torre Eiffel, reuniu
em torno de 30 mil manifestantes.
Um serviço de segurança da CGT
e da FO, central reformista, liderava o cortejo. O Ministério do Interior designou 3.000 policiais.
Os incidentes começaram
quando a passeata estava em
Montparnasse. Cerca de 30 automóveis foram danificados por
"casseurs" que, segundo a France
Presse, chegaram de ruas transversais e não estavam participando do ato público.
No momento da dispersão, uma
centena desses autônomos passou a atirar pedras e latas sobre
policiais e a queimar portas de
edifícios nas imediações do Ministério das Relações Exteriores.
Nas passeatas em cidades do interior, ocorreu a adesão de eletricitários em Toulouse (eles temem
a privatização da estatal do setor)
e a maciça adesão de secundaristas em Estrasburgo e Grenoble.
O Ministério da Educação constata que o movimento não está se
esvaziando. Ele afeta 67 das 84
universidades francesas -com 21
ocupadas e 46 parcialmente em
greve. Os estudantes dizem que
são 68 as universidades afetadas.
Já os secundaristas afirmam que
600 dos quase 4.400 liceus estão
total ou parcialmente paralisados.
Com agências internacionais
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