São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2010

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Obama faz defesa de reforma ao torná-la lei

Presidente sanciona projeto aprovado no Congresso e ressalta que mudanças "desesperadamente necessárias" terão efeito imediato

Discurso visa convencer o eleitorado, que em sua maioria rejeitava pacote para sistema de saúde, antes de pleito de novembro


Larry Downing/Reuters
Obama celebra a reforma com a viúva de Ted Kennedy (entre presidente e menino) e cidadãos beneficiados pela nova legislação

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

"Após quase um século de tentativas, após um ano de debates, após a contagem de todos os votos, a reforma da saúde vira lei nos Estados Unidos."
Com um discurso emocionado -e inúmeras canetas-, o presidente Barack Obama sancionou ontem a lei que estenderá a cobertura de planos de saúde a 32 milhões de americanos e que foi aprovada no último domingo, sem nenhum apoio da oposição.
Em clima de vitória, o democrata usou a cerimônia de sanção, na Casa Branca, para exaltar a importância histórica da reforma e prometer que as mudanças "desesperadamente necessárias terão efeito imediatamente", embora a implementação "responsável" deva levar até quatro anos.
"A nossa presença aqui é marcante e improvável. Com todas as críticas, o lobby, as jogadas que se passam por administrar em Washington, tem sido fácil às vezes duvidar de nossa habilidade para fazer algo tão grande, tão complicado, e questionar se há limites para o que as pessoas ainda podem alcançar", afirmou o presidente.
Minutos após a assinatura, republicanos entraram com ações de inconstitucionalidade em 14 Estados para anular a lei -eles argumentam que o Congresso não têm poder para obrigar os americanos a ter planos de saúde e que a lei viola o direito de cada Estado ter seu próprio sistema de saúde.
Despreocupados com os questionamentos legais, os democratas se concentram em divulgar as vantagens da lei para revertê-la em votos nas eleições legislativas de novembro.
Logo após a cerimônia de sanção, o presidente trocou de auditório para fazer um discurso mais longo, para uma plateia de cerca de 600 médicos, pacientes, enfermeiras e funcionários públicos, para explicar detalhes da mudança.
Antes disso, a assinatura foi acompanhada por mais de 200 democratas, assessores e outros defensores do projeto.
Num dos momentos emotivos do ato, Obama dedicou a reforma aos "líderes que defenderam essa questão por gerações", a americanos que o procuraram para relatar seus problemas de saúde e à sua mãe.
"Hoje, assino essa reforma em nome da minha mãe, que discutiu com as companhias de seguro mesmo enquanto batalhava contra o câncer, em seus últimos dias de vida."
Ao final de sua fala, Obama se sentou e, calmamente, assinou a reforma com 20 canetas, para depois poder presenteá-las àqueles que o apoiaram.
Aclamado também por boa parte da mídia americana, que trata "sua principal iniciativa doméstica" como "histórica", Obama deve saber só nas eleições de novembro se a maior parte da população, que antes desaprovava a reforma, agora a vê com bons olhos.
E ainda há outra etapa a superar: a votação, no Senado, de um pacote de emendas à legislação. Os debates começaram horas depois da sanção.


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