São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2008

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análise

Democratas temem racha no eleitorado

ANDREA MURTA
DA REDAÇÃO

"Era exatamente isso o que eu temia", afirmou o governador do Tennessee, o democrata Phil Bredesen, ao saber da vitória de Hillary Clinton na primária da Pensilvânia. "Vão continuar ferindo um ao outro. É preciso encerrar isso."
Ele se referia à disputa cada vez mais feroz entre a senadora e seu rival, Barack Obama, pela candidatura à Casa Branca. A declaração, feita ao jornal "New York Times", destaca um temor crescente na cúpula democrata: o de que a indefinição prejudique as chances do partido na eleição para valer, em novembro, contra o republicano John McCain.
O grande perigo, segundo o especialista em política americana Robert Erikson, da Universidade Columbia, é os eleitores se tornarem tão comprometidos com um candidato que se recusem a votar no outro se seu favorito perder: "Hillary e Obama realmente estão minando as chances do partido".
A pesquisa de boca-de-urna da agência Associated Press feita durante a primária da Pensilvânia delineia o tamanho do risco. No levantamento, 16% dos partidários de Obama afirmam que votarão em McCain caso Hillary seja a candidata.
Outros 26% de simpatizantes da ex-primeira-dama não votariam em Obama na eleição em novembro.
"Esse é um número preocupante", avalia Alexander Keyssar, do departamento de governo da Universidade Harvard. "Obama, que provavelmente será o candidato, não pode se dar ao luxo de perder esses eleitores."
Mas há quem veja vantagens na competição. Para o professor da Universidade de Baltimore Lenneal Henderson, "o problema é quando os ataques são pessoais". "Se focar nas questões políticas, a disputa pode ser muito positiva, pois atrairá mais eleitores." Henderson falou em videoconferência de Washington a jornalistas brasileiros ontem.
Corrobora essa opinião o cientista político Mark Paterson, da Universidade da Califórnia em Los Angeles. "Até agora, a disputa resultou em uma mobilização extraordinária." Mas ele alerta: "Se eles deixarem o oponente em pedaços enquanto levam a disputa até a convenção democrata, em agosto, a situação se complica".


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