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GUERRA SEM LIMITES
Discurso cuidadoso no Parlamento alemão pede atuação da Otan e adverte sobre "perigo" de Saddam Hussein
Bush cobra ação da Europa contra o terror
DA REDAÇÃO
Em discurso ao Bundestag (Parlamento alemão), o presidente americano, George W. Bush, declarou ontem que o ditador iraquiano, Saddam Hussein, e suas
armas de destruição em massa são "uma ameaça à civilização".
Tentando apaziguar seus aliados europeus, o presidente americano garantiu que qualquer nova ação de seu país na "guerra contra
o terrorismo" será estudada e focada e que a Europa será avisada.
O discurso foi cuidadosamente
elaborado, com consultas a europeus, para tentar reafirmar a importância do relacionamento entre o país e o continente, e incentivar a participação da Europa no
combate ao terrorismo.
Bush usou a Otan (aliança militar liderada pelos EUA) para instar os países-membros europeus
a equiparem-se de "estratégias e
meios" para a luta antiterror. Os
aliados da Otan "têm de ser capazes de agir e têm de querer agir".
Ao caracterizar o "inimigo",
Bush disse que os terroristas "são
definidos por seus ódios". "Eles
odeiam a democracia e a tolerância, a liberdade de imprensa, as
mulheres, os judeus e os cristãos,
assim como todos os muçulmanos que discordam deles."
Protesto e ressalvas
Durante o discurso, três parlamentares do Partido do Socialismo Democrático, ex-comunista, sentados perto do presidente no
plenário, ergueram um cartaz
com os dizeres: "Bush, Schröder,
parem as suas guerras". Seguranças arrancaram a peça. Mesmo assim, Bush foi bastante aplaudido.
A Europa vêm apresentando
várias ressalvas quanto à possibilidade de os EUA ampliarem sua
guerra contra o terror. Um dos
pontos mais delicados para os europeus é a possibilidade de ataque
ao Irã. A França, o Reino Unido e
especialmente a Alemanha mantêm excelentes relações diplomáticas e comerciais com o país.
Frequentemente criticado por
chamar o Irã, o Iraque e a Coréia
do Norte de "eixo do mal", o presidente americano disse: "Chame,
como eu, de eixo do mal, chame
pelo nome que quiser, mas vamos
falar a verdade. Se ignorarmos essa ameaça estaremos atraindo
chantagens e colocando milhões
de nossos cidadãos em perigo".
Segundo Bush, o potencial bélico do Irã "será um problema para
todos nós, incluindo a Rússia".
Em uma entrevista coletiva junto com o chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, antes da
visita ao Bundestag, Bush mandou um alerta a Vladimir Putin,
presidente da Rússia -país onde
Bush desembarcou ontem à noite.
"Se você vender armas para o
Irã, corre o risco de ver armas
apontadas para você", afirmou
Bush, ao adiantar o que pretendia
dizer pessoalmente a Putin.
Em resposta à declaração, antes
da chegada de Bush à Rússia, Igor
Ivanov, chanceler russo, afirmou
que frequentemente ouve "declarações sem fundamentos" sobre
uma "suposta ajuda da Rússia ao
Irã" para seu desenvolvimento
nuclear e seu programa de mísseis. "Isso não é verdade. A Rússia
é fiel às suas obrigações internacionais, e já dissemos isso repetidamente aos EUA."
Líderes europeus também têm
expressado reserva quanto a um
possível ataque ao Iraque.
Schröder evitou o assunto na
entrevista. Indagado se apoiaria
um ataque a Bagdá, respondeu:
"Não existem planos concretos
para atacar o Iraque, portanto não
há motivo para especulações".
"Disse ao chanceler que não tenho planos de guerra na minha
mesa, o que é verdade", completou Bush.
Tratado histórico
Em seguida, Bush e sua mulher,
Laura, voaram para Moscou, na
sua primeira visita à Rússia.
O encontro de cúpula começa
na manhã de hoje. Bush colocará
flores no monumento ao soldado
desconhecido antes de se dirigir
ao Kremlin (complexo onde fica a
sede do governo federal).
Putin e Bush vão assinar acordo
de redução de armas nucleares,
marco na relação dos dois países.
O acordo estabelece que a Rússia e os EUA devem reduzir em
dois terços o seu arsenal nuclear,
no prazo de dez anos (até 2012).
Ainda na Alemanha, Bush falou
da importância do acordo atingido. "Antigos tratados nucleares
tentavam gerenciar a hostilidade
e manter um equilíbrio do terror.
Esse novo acordo é o reconhecimento de que a Rússia e o Ocidente não são mais inimigos."
Com agências internacionais
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