São Paulo, domingo, 24 de maio de 2009

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Documentário e miss reacendem debate no país sobre causa gay

"Outrage" mostra políticos que supostamente são homossexuais, mas votam contra direitos do grupo, como governador da Flórida

Já a miss Califórnia causou polêmica ao declarar que "casamento é algo entre homem e mulher" em disputa de beleza nacional

DE NOVA YORK

A renovada discussão sobre o casamento gay e as leis migratórias para casais do mesmo sexo nos EUA foi esquentada recentemente por dois episódios: o lançamento do documentário "Outrage" (ultraje), que expôs políticos gays, e a defesa das uniões heterossexuais pela Miss Califórnia 2009.
"Outrage", divulgado em Nova York no Festival de Cinema Tribeca há menos de um mês, é descrito pelo diretor Kirby Dick como um filme sobre a "hipocrisia". O filme mostra políticos -supostamente gays- que votam continuamente contra leis que ampliariam direitos de homossexuais no país.
Em alguns casos, orientações sexuais até então secretas -segundo o filme- foram reveladas contra a vontade dos retratados. Entre eles estão o governador da Flórida, o republicano Charlie Crist, que é casado com uma mulher e nega as afirmações de Dick, e o ex-prefeito de Nova York Ed Koch (1978 a 1989), que diz apenas "não comentar a vida particular".
Vários políticos que são abertamente gays também aparecem em "Outrage", como James McGreeey, ex-governador de Nova Jersey, e o senador Barney Frank, do Massachusetts, um dos Estados que legalizaram a união homossexual.
Os responsáveis pelo documentário sofreram ataques na imprensa por "desrespeitar a privacidade" dos envolvidos. Koch também reclamou do filme, mas não por mostrá-lo como gay. Ele ficou furioso por ter sido retratado como alguém que deu as costas a legislações pró-gays no poder.
Já a miss Califórnia, a loira Carrie Prejean, causou furor por ter dito ao vivo, durante o concurso de miss EUA em abril, que "o casamento é algo entre um homem e uma mulher". "Não quero ofender ninguém, mas é assim que eu fui criada", disse em resposta a pergunta de um jurado.
Ela foi duramente criticada como "divisiva" e inadequada como representante de seu Estado. Até então favorita, perdeu a coroa de miss EUA para a candidata da Carolina do Norte, Kristen Dalton . Os jurados negam que o motivo seja sua resposta, mas não esconderam a reprovação.
Ela também correu o risco de ter a faixa de miss Califórnia tomada depois que se uniu a uma ONG contra o casamento gay, a Organização Nacional pelo Casamento. Organizadores afirmaram que Prejean estava negligenciando suas obrigações como miss Califórnia em prol da ONG.
As repercussões foram fortes. Os jurados do miss EUA começaram a receber ameaças de morte, enquanto Prejean emergiu como garota propaganda da direita religiosa.
A especulação agora é que ela atuará na política. Como perguntou o blogueiro conservador Matt Lewis no site Townhall.com: "Quanto tempo você acha que levará até que a miss Califórnia esteja fazendo campanha ao lado de algum republicano proeminente?"


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