DA REDAÇÃO

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, sugeriu ontem que pode convocar um referendo sobre seu mandato e pediu que seus simpatizantes fossem no próximo sábado a uma "grande concentração" em Caracas para apoiá-lo.
"Sou até mesmo capaz de agradecer alguns dos que estão pedindo um referendo para derrubar Chávez. Posso até convocá-lo eu mesmo", disse Chávez em seu programa semanal de rádio.
Ele pediu que "todo o povo bolivariano e patriótico" fosse a uma manifestação no próximo sábado na avenida Bolívar, na capital, "em defesa da Constituição Bolivariana", aprovada em 1999.
Essa foi a primeira vez que o presidente mencionou a possibilidade de pedir a venezuelanos que decidam se deve continuar governando o país, cuja situação política ainda é instável após um golpe fracassado em abril.
Os venezuelanos estão divididos em sua opinião sobre Chávez, cuja eleição em 1998 tirou do poder dois partidos políticos que haviam governado durante a maior parte dos 40 anos de democracia.
Seus simpatizantes, a maioria das classes mais baixas, afirmam que ele está livrando a Venezuela de um sistema político corrupto e promovendo a igualdade social.
Seus críticos, incluindo a classe média e empresários, acusam-no de ser autoritário, incompetente para administrar a economia e de promover a divisão social.
O governo iniciou conversações de reconciliação com a oposição depois do golpe em que militares tiraram Chávez do poder por menos de 48 horas em abril.
A Constituição permite a realização de referendos na metade do mandato presidencial, mas há controvérsias sobre a data em que Chávez teria tomado posse.
Segundo a Constituição, mandatos presidenciais começam em janeiro. Em 1999, Chávez aprovou com um referendo a chamada "Constituição Bolivariana", que determinava uma reeleição presidencial, vencida por ele em julho de 2000. Ele voltou a tomar posse em janeiro de 2001. Seu mandato de seis anos termina em 2007.
Na semana passada, Chávez disse que havia calculado errado o início de seu mandato. Ele afirmou que tomou posse em agosto de 2000, e não em janeiro de 2001.
Uma coalizão de partidos de oposição está reunindo assinaturas para reduzir o mandato de Chávez para quatro anos e realizar um referendo neste ano.
Alguns de seus aliados defendem a convocação do referendo, dizendo que evitaria mais violência e expressando confiança na capacidade de Chávez de vencer.
Segundo pesquisas recentes, a maioria dos venezuelanos apóia o referendo neste ano, mas está dividida quando a questão é se Chávez deve permanecer no poder.
Além do presidente e do Congresso, cidadãos venezuelanos também podem convocar referendos, contanto que reúnam assinaturas de 15% dos quase 7 milhões de eleitores do país.



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