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ANÁLISE
McChrystal baixou a guarda ao aplicar política parecida à do agora sucessor
DEXTER FILKINS
DO "NEW YORK TIMES"
Como David Petraeus
-general que lhe serve de
chefe, mentor e amigo e agora o sucederá-, o general
Stanley McChrystal representa um novo modelo para
os comandantes militares
americanos: intelectualizado, acessível à imprensa e
tão bem conectado politicamente quanto os políticos
aos quais deve servir.
Os dois generais -Petraeus no Iraque, McChrystal
no Afeganistão- exemplificam a convicção moderna de
que os comandantes militares precisam ser tão capazes
de promover publicamente
suas estratégias quanto de
comandar sua execução.
Petraeus se tornou o rosto
público da contraofensiva
que George W. Bush empreendeu no Iraque em 2007.
McChrystal, ao tentar recolocar no rumo o esforço de
guerra no Afeganistão, abriu
seu quartel-general à mídia e
ao público de um modo inimaginável para generais de
gerações anteriores.
Ele se esforçou por explicar via imprensa, a um público cada vez mais cansado de
guerra, o embasamento de
sua estratégia de combate.
Ele enfatizou a necessidade de conquistar o público
afegão e de concentrar os
combates nos territórios
mais favoráveis ao Taleban,
no sul. Anunciou operações
militares publicamente muito antes que começassem.
No Iraque, Petraeus salvou
o projeto americano da catástrofe menos por matar insurgentes do que por se aproximar do público iraquiano e
protegê-lo. McChrystal tentou fazer o mesmo.
Quando soldados sob seu
comando causaram a morte
de mulheres e crianças,
McChrystal muitas vezes pediu desculpas diretamente
ao presidente afegão, Hamid
Karzai, e ao povo do país.
Mas ao fazer comentários
derrisórios sobre membros
do governo Obama ao repórter Michael Hastings, da revista "Rolling Stone", ele foi
bem além dos limites da franqueza aceitável e ingressou
no território do risco político.
Os motivos exatos para
que o general e seus subordinados tenham se descontrolado dessa maneira na presença de um repórter são difíceis de descobrir. É possível
que estivessem tão acostumados à presença de jornalistas que se esqueceram de
que havia um entre eles.
Isso talvez seja prova da
diferença entre McChrystal e
seu sucessor. É impossível
imaginar Petraeus se deixando apanhar em situação semelhante. Pois, se há uma regra a que essa nova geração
de generais se apega, é a de
que é bom ser franco, mas
não em excesso.
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